Monday, May 24, 2010

Um Lamento Para Mariela

Quando ela me deixou,
ficou em meu paletó seu perfume e meus desenganos
Hoje, sou um quadro empoeirado
Homem frio, destemperado
Xingo ela todo dia
“Aquela vadia”
E depois caio em prantos
Leviano

Passei a fumar os cigarros que ela fumava
Quando de noite,ela de calcinha, suspirava em fumacinhas
Olhava pra mim e ria
Vadia, vadia

Eu dizia a você Mariela
Só não me senta na janela.
Me da um medo, uma aflição

E você não me ouvia, vadia, vadia...
Inda pensei comigo
Se você se espatifa no chão Mariela,
Quem vai cuidar da minha otite?
Algodãozinho, azeite quente...

Você foi fria
Foi cretina
Eu te avise Mariela,
Meu único medo,
Era você nessa janela.

Thursday, May 20, 2010

Mariela

Mariela,

Minha dama de azul marinho. Nunca vi alguém gostar tanto desta cor....aquela ingrata só tinha sutien, calcinha e meias azul marinho. Andava e cagava quando usava algo mais transparente e seu sutien de aeromoça aparecia. Foi assim que a conheci. Mariela. Tinha esse nome porque a bisavó decidiu. Consagrou-lhe as maiores ameaças, caso a moça, ganhasse outra graça. Cisma mesmo. O pai não achou bonito nem feio, sua mãe não queria contrariar a avó e assim nasceu, no bairro de Fátima, Mariela azul marinho, minha pombinha. Ela emputecia se eu a chamasse assim. Diziam que pombos eram ratos alados, transmissores de doenças e tinham ruídos horríveis. Foda-se, eu dizia. Você é minha Paloma. Então a maldita sorria. Polomba podia. Mariela achava que os pombos espanhóis eram mais dignos que os da praça xv, eu morria de rir.
Pombos, oras bolas, são todos iguais. Prefiro palomas, ela falava. Depois me dava um beijo e saia sorrindo para o curso de inglês. Essa merda de curso esta durando. Deve ser as horas que Mariela passa na Lan Hause do Largo do Machado. Depois pego ela comendo uma esfiha de carne. “Como é cara a esfiha daqui!” Reclama. Mas sempre come, para a alegria dos marmanjos que lhe atendem com um bom humor do qual nunca desfrutei. Mariela é a sensação da galeria Olido. Eu mordia os lábios e andava firme a parecer que levaria numa boa os olhares tarados daqueles descendentes de árabes fazedores de esfiha. Depois voltávamos pra casa com Mariela pronunciando palavras novas que aprendera na aula. Table, cake, hause, paper. Porra, ela não calava a boca.
Já em casa, a primeira coisa a fazer era tirar os sapatos, as meias e dar um berro que até me causou encrenca com a vizinha. Ela simplesmente gritava na porta de casa. (Não havia argumento que lhe podaria, ela dizia que o lance do berro é uma tática, técnica, japonesa para deixar a energia pesada do lado de fora da casa. Diz que aprendeu quando freqüentou por duas ou três vezes aulas de tai chin xan no aterro do flamengo. Mariela logo desistiu pois as aulas começavam pontualmente as seis da manhã; “só velho acorda tranquilamente a essa hora!“ Resmungava.) Depois, ia pro banho com o habitual radinho de pilha onde Mariela se dava o prazo de quatro musicas para terminar de se lavar. Dizia ela que era sua receita de economia ; logo mais a água do mundo vai acabar. E você sabe qual vai ser o primeiro lugar onde os EUA irão invadir, não? Meu filho, vai ser a terceira guerra mundial. Igual eles fazem La no Iraque, por conta do petróleo. E assim, sofisticada a seu modo na política internacional. Mariela sentava com os com o jantar nas coxas, cabelos molhados e assistia ao Jornal Nacional. Fazia um comentário ou outro, mas gostava mesmo quando Arnaldo Jabor falava. Ria alto e dizia; esse cara é foda! Gesticulava e olhava pra mim, com aqueles olhinhos pretos feito azeitona portuguesa. Só depois que assistia a novela, Mariela era toda minha. Principalmente se era terça-feira e passava aquele programa, Casseta&Planeta. Ela se levantava da poltrona e dizia; gente! Será que só eu não acho graça mais nesses caras? Eu a entre olhava sem responder. Então ela vinha de mansinho se sentar a mesa comigo. O que você esta fazendo? O de sempre pombinha...Hunf, ela respondia. Vamos pro quarto meu bem, lá tem o de sempre também. E ria safada indo em direção ao quarto sem olhar para trás.
Mariela sabia que eu jamais iria me perder no caminho.

Tuesday, May 04, 2010

zó pra constar

Dizem que ela é um caso perdido
Dizem que ela tem amores demais
Mas quando passa e sorri parece tão sozinha
Que eu chego até a pensar
Que ela possa querer meu carinho
Sei que as histórias que contam
Não passam de intrigas
De quem não aceita
Seu jeito de ser e viver a vida
Quando ela some me desespero
Grito seu nome, faço canções
Mas não tenho o poder de mudar seu destino
E nem quero



Paulinho da Viola
Ain, que saudades de escrever...
sem net fica fueda.
Logo mais volto aqui.
Beijos no osso.