Thursday, March 25, 2010

Angeli

Desculpe voltar neste assunto...mas num dá... Angeli se supera demais...amo, amo muito.

Ainnnn...

Não há maior prazer
que a gente se espichar
com os pés no sofá
sem ter nada a fazer
e relaxar,
se acomodar,
ficar no bem-bom
ouvindo um som.

Você vai aprender
é só se acostumar
a ter o que quer
sem sair do lugar,
melhor se houver
mamãe, babá, garçom
prá lhe servir filet
mignon.

Quem já fez
bem sabe como é bom
deitar no chão, ler um gibi, comer bombom.
Ouvir alguém
a recitar Drummond
à meia luz,
a meia voz,
a meio tom.

A gente sem querer
começa a espreguiçar,
o corpo esticar
a cabeça a pender
o olhar pesar
a boca se abrir
e não dá mais prá reagir.
Agora eu já nem sei
tanto falei que deu vontade
de dormir...



edu lobo e pcp

Tuesday, March 23, 2010

G.Rosa

"Um dia, tempos, Tio Terêz o levara à beira da mata, ia tirar taquaras. A gente fazia um feixe e carregava. '- Miguilim, este feixinho está muito pesado para você?'. '- Tio Terêz, está não. Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado..."

Monday, March 22, 2010

Napolitano

Esperei todos da casa irem dormir para atacar um sorvete napolitano que eu só curto a parte de chocolate. Abri uma lata de leite moça “light”, pois estou ciente que contém 95% menos gorduras e realmente acredito que vou engordar menos. Pego um copo de água e me lembro de Cecília, minha vizinha que não deixava suas duas filhas; Silvinha e Marilia tomarem sorvete sem junto dar goles e mais goles de água sem gelo. Silvinha após brincar de cabeleireiro com Laura na década de 80 ficou com o cabelo muito parecido com o de Malu Magalhães, o que na época e para sua idade foi algo terrível. Laura seguiu bela com seus cabelos de índio. Cecília mãe das meninas e nossa vizinha, foi também a médica que fez meu parto. Eu nasci sufocada pelo cordão umbilical, quase morro sem ar e todos que viram tal cena acreditam que eu estava tendo meu primeiro e mais forte ataque de raiva. Não quis mamar no peito de minha mãe, uma atitude que tomei para protestar meu nascimento. Minha mãe meio hippie na época ficou triste e chorou prevendo que uma criança que não teve o primeiro contato materno, logo após o nascimento, não se criaria bem. Ela só esqueceu que eu morei por bons nove meses La dentro e demorei a sair pois era bom e eu não tinha que decidir nada da vida. Fui uma criança mimada daquelas de se tacar no chão no meio no shopping por não ter uma Barbie loira e magrela. Mas quando bebê fui um ser de luz que só comia (de tudo), cagava e dormia. Pouco chorava. Ninguém conseguiu explicar por que tudo mudou assim, tão drasticamente.
Pintei minhas unhas de verde e acabei de ver Mel Lisboa falar para Felipe Camargo que ele parece um urso gostoso. Nojinho.
Agora vou dormir já que filmes nacionais de qualidade inferior me dão urticária.
Adios, amigos.

Sunday, March 21, 2010

Blé

É de uma covardia essa minha insegurança, que eu nem sei onde eu vou parar. E eu tenho tanto medo de te perder, pois nunca vivi nada igual e sempre me descubro completa e feliz, mas com medo que tudo isso um dia acabe. Porque sabe, eu não tenho talento algum. E sempre fui vista como quem teria
algum sucesso. Ou isso mesmo eu deduzia quando alguém tecia um glorioso elogio a minha pessoa.
Mas o tempo passou e eu não virei a expectativa, porque eu não virei, coisa alguma. E morro de medo de meu jeito inseguro, te sufoque. Eu me sufocaria. E quando eu lhe conto que já passei por poucas e boas por conta da minha cabeça bamba, você ri e até tira um sarro e eu entro na sua brincadeira porque não ha nada melhor do que rir do fato de já ter passado por psiquiatras, terapeutas e afins. E morro mais de medo porque não sei o que fazer da vida e preciso fazer alguma coisa que lhe mostre o quão eu sou também inteligente, independente, igual as pessoas engajadas que você admira.

Mas sabe, isso nem é de todo mal quando eu paro para pensar em uma frase vinda de algum lugar, que é mais ou menos assim; “deus me deu um grande amor, porque eu mereço"*. E se você me faz tão feliz, se eu te faço tão feliz também, quero crer que é porque merecemos. E que nunca, jamais eu te faria algum mal. E que minha sina parece que encontrou um lugar muito do aconchegante pra adormecer, igual eu quando me deito no seu peito e te beijo agradecendo em silencio o homem que você é. Agradecendo poder dar muitos beijos, desses que eu sempre lhe dou, quando tenho ar.
Por fim, penso que
Deus me fez de uma forma cristalina com a condição que seus olhos pudessem julgar.





*

Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus - ou foi talvez o Diabo - deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.

Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.

Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.

Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.

E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.

Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.

Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.

Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde

Drummond

Tv Junk In Your Trunk


Pensar que Cazuza e Pedro Bial eram amigos de infância, me dói. Tava vendo agora os especial da Globo (TV aberta é pros fortes, meus caros), que aliais, é bem melhor do que o filme sobre a vida do cantor, e lá o jornalista, hoje apresentador do BBB, da alguns depoimentos, entre eles, um que diz que Cazuza sempre foi mais inteligente que ele. Ah, não tenho dúvidas. Eu curto o Cazuza. Acho que todo mundo pode reclamar, até a classe média. E porque não? A vida não é um tédio? Mas o Pedro Bial...hoje mesmo li algumas matérias ( é esse o nome que damos as notinhas que os sites de “notícias” colocam no ar?) sobre sua entrevista na Revista Rolling Stone, e fiquei com uma vontade imensa de não comprar a revista. O Bial irrita. E tem um povo que tem raivinha dele porque hoje ele apresenta o BBB. Mas porra, antes ele apresentava o Fantástico! Ele não regrediu em nada minha gente. Mas Bial irrita também porque tem a capacidade de acreditar que intelectualizar o BBB pode o salvar da “vergonha” que é apresentar um programa sem qualidades. Mas a tentativa é tão fracassada que a gente tem ataques de vergonha alheia durante seus discursos nas terças feiras, ao anunciar que vai deixar o programa. Aí é louco porque fica tudo muito engraçado. O programa ridículo, o apresentador a altura e o diretor do programa, mais patético ainda. Já disse e repito; TV aberta é para os fortes. Para os fortes, e para os fracos de bolso. Mas mesmo assim, ter um canal por assinaturas, é poder ver, sei lá, Oprah ao invés de Márcia. E mais alguns documentários desinteressantes desses que fazem sobre o fundo do mar.

Pedro Bial apresenta o BBB, Fernanda Lima apresenta o por toda minha vida, já que o programa dela sobre sexo, não durou nem dois meses. Ana Maria Braga, fala todo dia com um papagaio na rede aberta, Xuxa não bate mais em baixinhos? Angélica apresenta o Passa ou Repassa do Vídeo Show. Jô Soares fala sozinho as onze e meia. Patrícia Poeta é jornalista, assim como Mauricio Mattar, é cantor. Do mesmo jeito que Rodrigo Hilbert, Reinaldo Gianecchini, Paola de Oliveira, Marcio Garcia, e todo o elenco da Malhação, são chamados de atores. André Marques é o futuro Faustão. Sonia Abrão é a eterna malufista que passa o programa inteiro lendo revistas de fofocas e Pânico na TV tira um sarro que já não é mais engraçado. Hoje toda famosa é atriz, modelo, apresentadora, jornalista e passista de escolas de samba. Pura tradição.

Ah...eu amo a TV aberta!

Wednesday, March 17, 2010

você de novo

São nos dias em que me culpo, por tanto me culpar, é que bate uma tristeza. E essa culpa por não saber agir na hora certa, é que me tira da reta. E quando eu tenho calma, tudo parece um sonho, que se realiza do jeito mais bonito, desses que o destino inventa quando esta com tédio de tanto amor, e cansado de inverter versões para o lado ruim das coisas, das pessoas. Que é quando eu me culpo, que não saio do chão. Pois foram tanto erros, tantos passos em falso, desses que logo se desiste porque covardemente não consegue se arriscar. E eu, bem...eu também demorei.
Mas é quando, ao oposto disso, se pisa firme. E não se orgulha de pisar, pois sabe que não fez mais nada que a obrigação. E o quão é difícil tomar a decisão de encarar dar mais que o primeiro passo. Quando eu sento e choro, sem culpa é neste momento que você entra. Você entra e completa um quadro negativo. E me tira de minha mais pura clareza, colocando palha para disfarçar o buraco que vou cair. Que é quando eu caio, sento e choro e faço um drama impossível. Quem vê de fora não saca a premissa. E eu me lavo de lagrimas pensando; me acuse de todos os crimes possíveis, menos os que eu jamais cometeria. Pois são os que eu não cometo, que eu escolho a dedo não cometer. Os outros, cometidos, são frutos de uma covardia de abrir a janela, me enxergar adulta, ser impulsiva, me almejar instantânea. Mas desses, você não me acusa. Pois também os comete. Se somos iguais, até que ponto eu lhe incomodaria?

Friday, March 12, 2010

Adíos, Glauquito...


Glauco era dos nossos. Dos meus.


Daqui do Rio, lendo sobre a morte dele, penso que mataram uma saudade.
Quando me bate saudades da minha cidade, penso na feirinha boboca que rola todo domingo em frente ao Masp, penso no silêncio do aeroporto de Congonhas, onde meus pais me levavam para passear e comer algum doce, tarde já da noite. Penso nos patins, na minha vila, no cine Jamor, no teatro João Caetano, comida de vó, risada de mãe, Boris, o cão, Real bar e lanches... amigos paulistas. Tirinhas, meus pais rindo das tirinhas, minha mãe rindo da D.na Marta, meu pai ria do Geraldão, meu irmão desenha bem pra caralho. Nós quatro comentando o quão genial eram Los três amigos... enfim. Hoje mataram uma saudade.

E como disse Galhardo: o mundo acordou mais xarope.
Concordo... vai entender.

Saturday, March 06, 2010

* *

Se eu ficasse sentadinha,
esperando por você na estrada vazia.
E então, ela não seria vazia.
Se pela sua espera eu criasse viços.
E se a sua espera, eu compusesse traços.
E te esperando, eu criasse força.
E de tanta força, viessem asas.
E se te esperando eu resolvesse sentar.
Se o calor me queima, se eu tenho sede;
Se as asas quiserem voar.

Se eu te esperar e te esperando, virasse outra.
Como em uma metamorfose.
E eu acordasse bandida.
Você passaria pela minha estrada.
Se eu já estivesse cansada, sentida, ofuscada.
Asas para dentro, alma fora.
Se eu te esperasse em plena chuva, depois secasse.
Se eu tivesse fome, mas mesmo assim, te esperasse.
De certeza que estas vindo, morreria.
E se dormisse eu ia. Você passaria calado.
E isso é para não me acordar.

Se eu te esperando, mude muda,.
Se ao te esperar, um montão de coisas,
dessas malucas que passam pela minha cabeça,
fossem acumulando até somar.

Se você passasse na hora errada, eu não iria?
Você, por outro lado, também me esperaria?
Se eu te esperar inteira, inteira sua seria.
Se eu esperaria?
E se não, porque sentar na estrada vazia?