Sunday, November 29, 2009

Amar é

Sabem, eu adoro dizer que não faço fé nessa minha loucura. Isso inicialmente, nem fui eu quem disse, deve ter sido Toninho Horta. Mas eu adoro dizer mesmo assim. De alguma forma, devo concordar. Eu me devo muito, entende? Como se alguém tivesse um armazém cheio de penduras.
Mas eu não faço fé nesta minha loucura. E adoro não me ver em beleza. Ser uma mulher somente gostosa, por ora me entristece sim, e outras, também não. Porque eu sou pisca. Abro e fecho com meus medo, lanço uns papos, poutz, nada haver... e vou indo embora. Eu descobri que minha profissão é amar. Se amar fosse profissão. Eu seria o Eike Batista. Eike batista me comove. Puta milionário que vai despoluir a Baia de Guanabara. É isso que ele faz para dormir melhor a noite? Acho que é. Eu seria uma bela profissional do amor, uma workaholic do amor. Eu amo intensa. Eu sigo amando, até gastar. O amor é ciclo, sabe? Não lido bem com ele estabilizado, salvo algumas exceções. como eu morando com dois amigos que merecem meu carinho. como com a Paula, com a Laura, com as Bibys. Como com a música. pensando bem, já é coisa pra caralho. Se fosse um trabalho, ia ser árduo. Amor é o meu ambiente. E isso quem disse também não fui eu. Foi Ivone Lara. O que eu quero ser quando crescer. Do que vou viver. Se eu pudesse escolher minha profissão, lhes juro, seria amar.

Saturday, November 28, 2009

ain....

Foi numa esquina da vida
Uma mulher em hora perdida
Um homem em ponto morto
Nessa base do tropeço e mau começo
Foi nascer contra a vontade esse amor torto
Me admira ter vingado, quem diria
Que fosse loucura pra mais do que um dia
Na verdade quem diria
Que enxergasse a luz do dia
Mas vingou e é coisa feita
Torto sim eu ostento
E ninguém me endireita
Mulher, já que Deus quer vamos em frente
Minha bandeira de guerra
Meu pé de briga na terra
Meu direito de ser gente

Minha bandeira de guerra
Meu pé de briga na terra
Meu direito de ser gente

Tuesday, November 24, 2009

Oi pra você.
Faz tempo que não nos falamos, não? Você é todo mundo. Acabei, ora pois, de voltar da Lapa. Queria ter ido a outros lugares, mas como o início nunca nos pertence, fui a um lugar já meu.
Te vi outro dia, você esta igual. Lembrei de quando me contou de como tinha beleza meu jeito de expressar meus defeitos e depois, você percebeu, que isso também podia ser dolorido. Estou aqui para lhe contar. Isso não me dói. O que eu revelo, realmente, não machuca. O que eu guardo, nem sei tocar.
Você continua o mesmo. O mesmo inseguro de sempre. O mesmo que não sabe lidar. Isso, de fato me irritou um pouco e machucou um pouco também.
Minhas costas doem, esta fazendo um calor do caralho por aqui, e eu, tenho preguiça de ir a praia, de pensar na vida, porque me sacrifico por amor. O amor, você me conhece bem, toma todo meu tempo. Esses dias, andei amando. Nada sério, mas coisa muito fina. Da até pra pensar em futuro. E eu sempre penso nele. O futuro me acorda todos os dias, mesmo quando eu e meu travesseiro queremos ignorá-lo, inutilmente. Você entenderia.
Te vi outro dia, besta, calado, sem condições de me encarar. Aquele lance de olhos nos olhos, você usava óculos escuros e eu esperei anoitecer para lhe enfrentar. Fui capaz. Sempre sou nesses momentos. Alguns pequenos detalhes de nossa riqueza, ia embora junto ao mar. Eu comemorei, não me culpe. Algo que já foi embora de nós dois. Quem saberia? Não sou tudo, você já não é mais também. Pulei o muro, juro, você ficou? Ainda não vi.
Outro dia mesmo, estava um sol de pelar, um calor daqueles que podemos chamar de todos nós. Eu ainda te via. Você sempre será importante, ta certo? Mas não pergunte o que o mar levou. Só ele sabe. Foi agorinha que eu te vi. Você ficou. Estava num tom que jamais acertaria a nota. Tentei dançar. Jamais acharia o ritmo. O ritmo de nós dois, esquecidos num salão vazio, que se abria a cada passo errado nosso. Podia te desamar, não foi necessário. Você fechou um ciclo incrível, que jamais se sustentaria sem mim, é verdade. Adoro brincar com sua deslealdade, ela não me fere, acho que estou crescendo. Queria lhe mostrar, lhe contar como ando feliz. Te lambuzar de boas notícias, de minhas concretas dúvidas bacanas, você não resistiria. Outro dia que eu lhe vi, m senti excluída, normal também. Sempre fui muito doida, insegura, até desequilibrada. Não é novidade alguma.
A musica me absorve, me anestesia. Os filmes que falam de mim, não me deixam sozinha. A noite me abraça, mesmo sendo tarde, tem sempre um cantinho onde eu posso me aconchegar. ela sabe. Sei também. Você desliza e vai embora. Eu não tento seu resgate e fico com vontade de abraçar um homem que não sabe onde esta. Disse a ele outro dia; aqui é meu coração. Sei que não é muito confortável, apertado até, mas é isso que posso lhe oferecer. Queria mostrar todos os meus jeitos, meus lados, minhas vertentes. Mas ele ainda esta na dúvida, se lá é um bom lugar. Tem dias, que eu sei, é la que ele quer ficar, bem tranqüilo. Até achar que foi um bom negócio. E tem dias que a liberdade e todos os outros questionamentos, gritam com ele. Ele foge me abrindo oportunidades, como quem sai de meu peito deixando a porta aberta, chamando atenção. Outros entram,e eu me certifico. Tudo pode dar certo.

Sunday, November 22, 2009

elas

Ela adentrou ao salão
Dançando desconcertada
Conforme ia
Matade da platéia, ria
Metade aplaudia


E soube que, ao entrar no mar, os rancores estavam todos, sentados na areia.
Ela dançava ali, sua biografia
que eram muitos rodopios, passos em falso
Risos abertos, entre-dentes, bailarinas.

Se soubesse que a lua assistia,
Ficaria nua.

Friday, November 20, 2009

10

As vezes, fico imaginando quando a hora vai chegar
De repente, uma explosão lá fora
Coisa de minuto
E eu reparo com os olhos cálidos
Que por fora é que se diz de toda beleza
Conto um
Faço o dois
Mando o três
E a hora não chega
Cesso quatro
Rasgo o cinco
Corto o seis
E nada da hora
Piso o sete
Mastigo o oito
Mando um nove e
Nota dez.

Monday, November 16, 2009

Resposta ao Lellun, ode a Ruly


eu sou de uma geração esquisita, nasci em 1983. durante muito tempo achei que isso não fosse nada. hoje,eu continuo achando que isso não é porra nenhuma, só complexidades. mas acho também que o tempo passou. acredita que outro dia comprei um creme para mulheres de 25 anos? será que ele já não serve mais para mim, já que fiz 26 a pouco mais de 6,7 meses? já tenho até cabelo branco e isso me irrita completamente. eu sou de uma geração esquisita. a geração de meus avós guarda coisas muito interessantes como telefones pré históricos e bolerinhos. guarda tricô e tradições, preconceitos e muitos filhos. frases feitas e regras rigídas. a geração de meus pais, explodiu. já eu, bem, vocês sabem, sou de uma geração muito esquisita. enforquei a liberdade de meus pais esquerdistas, num buteco qualquer sexta a noite. o mundo veio virtuando, o muro de berlin já tinha caído no início, o collor foi eleito, o lula era uma utopia. taí, eu votei e vi o lula presidente. isso eu vou poder contar pra alguém que vai chegar depois.(sem polêmicas) eu sou da geração da rave, do i phone, geração chaves, coca-cola, miojo. geração briga de trânsito, relacionamentos rápidos. geração corinthians segunda divisão. eu sou daquela geração que a tendência era piorar. o mundo correu na minha geração, correu sem que eu pudesse ver qual era a expressão do nosso rosto. correu tanto, que até agora não deu pra saber quem chegou bem. eu sou da geração oi tudo bem beijo me liga. do auge da tecnologia, dos desavanços humanitários.
por outro lado, eu sou da mesma geração da ruly cara. e sempre que ela chega aqui em casa para comer carne moída e brocólis cozido, eu sinto orgulho da minha geração.
eu sou da mesma geração de um monte de geradores. e com muito orgulho, vou poder falar aos meus netos; rapaz, eu sou da geração da ruly. e se eles forem bem sagazes, vão entender o que eu estarei dizendo. ou não.

Sunday, November 15, 2009

é...


Ando cansada de tudo
Desses nadas
Mudo de tom
Mas escuto o coração
Que é o talo de uma flor macia
Que algum ainda vai florar

E quando da areia
Do nada
Surge tudo
Creia que a luz
Vai limpar toda a bruma

Mas durma
Que a noite espreita
Deita que eu vou te ninar
A alegria já dobrou a esquina
Nina que é pra não chorar

Wednesday, November 11, 2009

Fonte

até onde eu me entendo, não sairei daqui tão cedo. não sei mesmo o que você poderá achar desta minha decisão ingrata. apenas sei que sua pressão não tem surtido o efeito esperado. o que acho que ambas sabemos, é que não estamos lidando com isso da melhor maneira possível. o que acho que você não sabe é que todas as vezes que eu lhe quero por perto, seja por um maxilar torto, falta de dinheiro, saudades de dar risadas, é porque preciso de você por um só motivo; estão tão aflita quanto você. o que você também não tem idéia, e portanto, eu decido, de uma vez por todas irá saber disso; eu quero que tudo isso se resolva, infinitamente mais que você. eu me incomodo com isso infinitamente mais que você. eu sofro quando você comenta isso com alguém, muito mais que você. sua aflição esta me acuando, seu colo me tirando a coragem. minha indecisão, essas perdas que tivemos desviaram meus caminhos.
sei que somente sou, o que realizo todos os dias, os dias em que nada realizo, me sinto péssima por não ser ninguém. realizar significa qualquer coisa que minha mente registre como algo que não vou esquecer tão cedo; pode ser um pôr do sol na praia, nadar de roupa e tudo, ouvir um samba, ler um livro de poesia, beijar na boca, ter uma aula, dar aulas de português, almoçar no por kilo sozinha, entrar na internet, tomar uma cerveja, ver um filme, conversar e etc...são milhões de coisas e nem sempre elas me fazem feliz, como nem sempre sua vida lhe faz também. sou igual a você do outro lado, tentando ir para onde eu não sei, mais sei ser meu caminho.
não precisa me avisar que o tempo esta passando, eu o vejo todo dia voar feito passarinho bem na hora em que o sol vai embora. não quero morar mais em são paulo, porque estranhamente o rio é meu lugar. não queria ver pessoas indo embora, mas o tempo...ah...e os passarinhos, eles precisam voar. não queria ter só um assunto com você, ser tema de polêmica, não queria te ver nesta agonia, pois sei que sou eu a culpada dela; de toda a sua agonia? e por fim, não queria ser um erro de todos seus planos futuros, daqueles que a gente planeja um dia, quando vê a barriga crescer. você me teve e agora eu te agonizo. não era essa a meta das coisas, nem minha.
mas alguma pedra desviou os rumos, as direitas, entrei as tortas, perdi meu pai. arranquei cabelos, acreditei em nadas, me apaixonei e larguei tudo, fiz mais besteiras que aldir blanc. me afogo em mim. e as vezes acho que nado, mas perco o ar rapidinho. te peço desculpas? te peço paciência(mais)? te peço ajuda? não sei. não me sinto triste. sinto só as diferenças na forma em que me criei. vendo meu mundo ao redor, todos estão andando em fila e eu, miopie de vida, ainda tento enxergar alguma coisa minha no meio de tudo que ainda é mistério. não queira saber como isso machuca.

Tuesday, November 10, 2009

sobre o apagão


parece que várias vezes a luz vacilava momentos claros e escuros também. e tinha dias que piscava. o que era bom, pois eram nesses momentos, em que eu gostava de ver a verdade. pois bem, eu montava minhas historias em cima de seu pisca-pisca e construia assim, meu amor. o dia seguinte era de apagão. e o mais engraçado do escuro, é que geralmente, ele vem acompanhado do silêncio. o silêncio cheio de verdades sobre nós, que eu também queria apagar. não conseguia. entrava em crise, me redimia a todos meus sentimentos por você e pensava; tá vendo isabel? eu lhe avisei, não era para ser nada. e assim seguia, cheia de angústias e previsões. então eu lhe encontrava, e você pisca-pisca. então eu lhe encontrava, e você era claro. clareava também ao ver meu coração abrir as pernas a toda luz que vinha de você. era um retorno. daqueles eternos, dignos de teorias doloridas, as quais você sabe que erra e não quer mesmo assim, concertar. eu acordava iluminada ao seu lado, prevendo meu escuro, e mesmo assim, acredite, eu era feliz. depois, você ia de encontro ao ciclo, e apagava. eu repetidamente, lhe empurrava para fora, mas estava cada vez mais difícil lhe tirar de lá. você sabe ascender, sabe apagar meu caro. só não sabe, é manter a chama viva.

Monday, November 09, 2009

o amor do homem veneno

eu vou aqui contar uma historia de como eu amei o homem veneno:
primeiro de tudo, é de sumária importância a todos que me lêem, que este homem, ainda esta presente em minha vida sempre em sonhos, o que me leva a pensar, meus caros, que este sujeito é mais real do que possamos suspeitar-dentro de mim-.
tudo começou a nove anos atrás. quando eu era uma garotinha conhecendo o mundão que sempre me fora contato com as janelas fechadas, naquele tempo em que minha geração achava o máximo ter pais que lutaram na ditadura militar. eram bons tempos e um breve começo de nossa determinação política que mais tarde iria embora junto com um vômito de alguém que bebeu demais. época ainda,em que a esquerda ainda era uma senhora oposição. enfim, foi neste meio termo que conheci o homem veneno. ele era exatamente marcante; roupas peculiares, apelido peculiar, traços também. era um homem lindo que eu observara quando saia para fumar maconha escondido em uma antiga petshop que ficava fechada a noite e era pertinho e escondidinho dos olhares cegos de qualquer transeunte, polícia e afins. neste dia, uma grande amiga tinha tomado um ácido que a pos em uma viagem da qual o mundo, era de sapatos. como tudo do homem veneno, era bem peculiar, seus sapatos não deixavam por menos. como tudo que é diferente no mundo, mesmo sendo ele, de sapatos, chama a atenção. o homem veneno também ficou curioso ao ver minha amiga alucinando com seus sapatos e logo veio a mim, curioso, perguntar o que ela tinha tomado. respondi que era uma bicicletinha. ele me perguntou se eu tinha tomado também. respondi que não e ascendi um baseado. ele me pediu uma bola, duas, três e risadinhas que marcavam nossos próximos encontros todas as sextas e sábados naquele mesmo lugar.
o que veio depois, além de muitas gramas de maconha e alguns litros de catuaba, pois foram meses, desta mesma fórmula, foi uma carona.

foi assim:
o homem veneno, ao me deixar em casa, me deu um beijo e uma mordida tão forte na minha boca, que quando eu entrei em casa fui direto ao meu quarto com os lábios doloridos e fiquei curtindo a dor, pondo os dedos sobre eles. foi pelo meu rosto que o homem veneno, do qual eu não amo e nunca vou deixar de amar, entrou.

Não tem cura

esta irrefutavél e razonário, estendido entre mil folhas e roupas que larvas abrigam, como em uma enorme força natural que vibra a cada instante de meus atos. andar na rua, ver pessoas-mundos. ver almas escuras, brincando de tingir. e seus sopapos não me encontro; eu hoje a noite não te esqueço.
e não tem cura. hoje eu declarei; não tem cura! gritei a toda corte com seus reis miseráveis, rainhas sórdidas, palhaços pimpões. não tem cura, eu gritei alto, nuvem ouviu. sai esquecida ao destino. sua magestada, entre tantas dúvidas que passam na cabeça de um rei, que são reis em seu maior plural.
ele me olhou com desdém. um inicial conforto em me olhar assim. não tem cura, disse mais uma vez com medo e vergonha, baixinho e bem próximo deles.
aqui é o que bate, disse amassando o peito. esta tudo marcado. não me doí. e o rei riu. eles riram porque saber de mim é convalecente? o reis parou. eram vários que só tinham uma voz, me traçou de novo com uns olhos tecidos:
você já sabia?
achava que sim, magestade. mas hoje obtive a certeza maior.
não quero saber seus motivos. poupe meu peito inflar paciência. quero o novo, curar meu desagradável desnível sobe todos a quem sou maior. nesta hora olhou para cima e se curvou a deus. olhando pros reis, entendia por onde poderia escapar.

Friday, November 06, 2009

ui ui

tem dias que você tem cara de tonto, e tem dias que você tem cara de nada. tem vezes que você solta uma risada, sem querer rir. e as vezes solta essa mesma risada, rindo de fato. tem dias que seu beijo é estranho e tem dias que eu te beijo estranho também. talvez seja por isso, que eu não me sinto segura o suficiente para saber onde esta você, e/ou, onde eu estou em você.
mas tem horas que mesmo que poucas, você me convence que esta tudo indo de maneira, daquelas maneiras, que faz a gente querer se ver mais de uma vez. e como sempre temos mais vintequatrohoras, da tempo de sentir tudo por você. até saudade da sua cara de tonto, cara de nada. até da gente junto, que é de um lance até bem equilibrado. e eu que achava que nunca iria ter essa palavra perto de mim...vai vendo:

é o jeito como você muda o jogo e quebra as regras, são os traços da evolução. eu não gosto de tomar hormonios e chorar vendo o sofrimento dos ursos polares nas geleiras derretidas pelo aquecimento global nosso de cada dia, mas aconteceu.
é o jeito como você respira, do jeito que eu te olho. do jeito que eu me sinto quando você fala alguma besteira, daquelas de criança. e o jeito que eu me surpreendo quando você fala algo relevante demais sobre qualquer assunto que eu verborrágica não paro de falar. depois, são todos os nossos jeitos; aqui e ali, e rindo e ai,ai,ai.
todo um jeito que esta ficando nosso.
não me iludo, mas se sêsse, ô se sêsse; ia ser futuro.

Sunday, November 01, 2009

Sobre nós


É esse estranho jeito que levamos a vida, que tem nos matados. E morrer por aqui, é apenas virar estatísticas que vão florear jornais que amanhã já estarão velhos. Morrer então, não é nada. Mas é esse estranho jeito de viver, de rir, de interagir, de observar, que esta nos matando. É esse estranho jeito como a modernidade avança, sem que nossa mente consiga acompanhar. E a gente se pega rindo de coisas pequenas, de coisas imbecis. E eu fico pensando que foi se o tempo que rir, era coisa de gente inteligente. Hoje se ri por qualquer coisa. Rimos de um esquizofrênico que fala; Ronaldo. Rimos de “humoristas” que vão ao planalto central expor “toda indignação do país“, com nossos políticos de hoje. Rimos das respostas rápidas de Paulo Maluf. Rimos de um pseudo artista de televisão ao ter um surto de raiva em um reality show. É, rir ficou fácil, esculachar também.
Esculachamos e até humilhamos mulheres como Carla Perez, por que só burros riem da ignorância. Rimos quando “humoristas’ vão as praias expor mulheres fora do padrão de beleza, para que elas sejam a musa da beleza interior. Porque gente “feia’ é mesmo de gargalhar. E mulheres bonitas é para se jogar pedra. É claro que isso não vem de hoje, se não, Chico Buarque não iria ter escrito a historia da Geni, lembram? “Joga pedra na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, maldita Geni!”. Mas no fim da música, quem salva a humanidade, é a própria Geni.
Foi a primeira associação que veio a minha cabeça, quando soube do que tinha acontecido na faculdade particular UNIBAN, na última quinta-feira. Cerca de setecentos alunos, homens e mulheres hostilizaram uma aluna, por usar um vestido curto. A mobilização foi tamanha, que ela precisou ir embora escoltada por PM’s. A modernidade foi usada para que alguns alunos filmassem tudo o que aconteceu e colocassem no YouTube, talvez para mais algumas risadas, ou talvez para que questionemos esse nosso estranho modo de viver.

Antes de qualquer coisa, parto da seguinte opinião; nada, ABSOLUTAMENTE NADA, justifica tal acontecimento dentro daquela universidade. Vi uma reportagem em que alunos e professores tentavam amenizar a culpa dos universitários pelo motim dizendo que ela “pediu” para chamar a atenção. Por isso, não pode reclamar do que houve. Engraçado que não eram só homens hostilizando a aluna da UNIBAN, mulheres enfurecidas também a xingavam de puta, recatadas dentro de suas roupas largas e longas, sofridas, machistas, invejosas talvez. E muitos dos homens, excitados, pediam aos berros; ESTUPRA!
Hoje somos qualquer coisa; trabalhamos por qualquer salário, matamos por qualquer desacate, rimos de qualquer merda, fazemos sexo com qualquer pessoa, nos expomos sem qualquer cerimônia, enfim, estamos para qualquer jogo. Foi quando mesmo, que a vida perdeu a graça? Foi no mesmo dia que o machismo ganhou formas e caras novas, foi quando o moralismo fascista criou raízes, sem que eu possa ascender um cigarro de baixo do toldo de meu buteco preferido. Foi no exato momento em que paramos de nos levar a sério, paramos de acreditar no mundo em que vivemos, na política, no preço das coisas, na rapidez das relações onde não temos mais tempo de perguntar, como estamos. E ai, como estamos?
Estamos todos doentes.