Tuesday, December 29, 2009


Enquanto isso...


-E aí, eu saí, mas tinha esquecido o celular em ca... tá ouvindo?
-Uhm... sim.
-Não quer conversar, é?
-Quero, claro... conversa aí.
-...

Sunday, December 20, 2009


Ao André Pereira
(Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada
)


Dessas coisas que a gente não explica, igual quando acorda sem vontade de tomar uma cerveja mesmo com o cheiro de feijão na panela e o freezer cheio de latinhas geladas. Mesmo com o sol, que a gente quer tanto que saia para não morrer de tédio. Mesmo com uma piscina gostosa e amigos fumando cigarro. Nem vontade de fumar deu. Deu vontade de dormir em silêncio e as risadas só podem ser motivos de aborrecimento se elas vierem de pessoas completamente felizes e moralistas. O que não era, você bem sabe, o caso. Bem, sim, talvez um pouco. Mas isso é papo de mais pra frente, e você uma vez me disse que não tinha pressa em me conhecer melhor, eu aceito. Vamos deixar pra lá. Não tenho muito que dizer, e geralmente um bilhete é só um aviso. Estou aqui avisando que vou-me embora pra Pasárgada , lá eu sou amiga do rei. Estou dizendo o seguinte: se acaso sentirem minha ausência, eu fui porque não tive paciência. Já é Natal, não? Fico sempre esquisita nesta época do ano, e eu sei por quê. Mas não foi só isso. Também tentei ver meus motivos, mas eles se escondem, depois fazem ciranda, fico meio perdida. Tentei ver se por acaso era a primeira vez que isso me acontecia. Resgatei memórias de que por vezes eu me isolo mesmo e gosto de ver a interação, sem interagir. E tenho sono, muito sono. E não gosto de ser julgada por ter sono. Essa coisa da sociedade moderna de pôr ao sono uma negatividade como se dormir não fosse viver. E bem, sabe, André, eu até que vivo muito. Respeitem, por ora, meu sono, minhas esquisitices. -Obviamente que eu não iria lhes pedir isso-. E foi difícil ir embora. Não porque eu estaria na dúvida se ia ou não, difícil foi ficar pensando sobre o que vocês conversariam de minha atitude. Desculpem, sou péssima. Mas cheguei bem. Aqui, as energias eram outras. Tive uma noite muito boa e, pela manhã, uma discussão infame que dura até agora. Estou com fome e logo mais é Natal. Atente ao fato de que, ali, você e aquela morena querida são meus horizontes. Mas um certo ostracismo também habitava, por medo, por raiva de mim mesma, não consegui combatê-lo. Nem sempre gosto do que o espelho me reflete e saio fugida porque gosto de dar de cara comigo mesma sem ser avisada. Tenho um pedido ao Papai Noel: que ele me enfie dentro daquele saco vermelho dele e me leve ao Pólo Norte. É lá que ele mora?
Feliz Natal, faca amolada, meu querido amigo.

Wednesday, December 16, 2009

Rumble Fish


Eu não sou uma mulher nota 100. Tem dias que eu mesma me assusto. E acordar ao meu lado nunca foi boa idéia, porque ninguém tem a cara de sono que eu tenho. Meu cabelo é um suplício, daqueles que nem o formol mais potente, da jeito. E eu tenho o nariz quebrado e os olhos caídos, igual ao de quem fuma maconha o tempo inteiro. E fazem oito anos que eu não coloco um cigarro de maconha na boca. Fora isso, eu sou completamente estranha. E teria até receio de lhe contar tudo que já me aconteceu. Porque posso te assustar com tanta coisa sem nexo e confusões que já se passou/passa pela minha cabeça. Tem, claro, também o lado bom; sei que tenho o corpo lindo por exemplo. Mas na verdade, isso é uma faca de dois gumes e nem sempre me deixa bem. Tenho um jeitinho de ver as coisas, igual daquelas pessoas que atravessaram a ponte, e isso, eu sei, não é seu caso. E o engraçado é que o povo do lado de lá, consegue ver em mim tamanha intensidade. E é bem essa a palavra. Sou intensa para quem sabe olhar. E com certeza, mesmo com uma caralhada de aspectos negativos que eu possa ter, a intensidade é tão forte, que sempre fiquei cercada de pessoas magníficas, que se envolvem profundamente comigo.
Este como disse, não é seu caso, já que ao seu lado, eu deixo de me mostrar intensa com medo de você não entender, ou com receio que você se vá. Eu consigo crer como você poderia passar para o outro lado da ponte, mesmo, mesmo. Mas a questão é que você esta tão bem por aí, que realmente não é necessário tal caminhada.
E quando eu me envolvi com você, não sei porque isso foi ganhando força, aliais, nem sei o nome que isso tem. Mas de fato, meu carinho por você cresceu mais rápido, antes que você pudesse se tocar que andava mesmo mexendo comigo. Depois fui transbordando sentimentos e inseguranças e sem que eu pudesse mais esconder, você já estava sabendo o que estava se passando. Diante de suas reações, ora abertas, ora fechada, fiquei com mais medo ainda de lhe mostrar que sou uma super mulher. Que piro, que viajo, que desando legal, mas que tenho momentos de luz imbatíveis e sei amar igual Vinicius de Morais.
Sabe, não sou nem de longe as garota dos seus sonhos, e isso, claro, me machuca um bocado. Porque tenho ciência que me relacionar com você é também querer ligar os dois lados da ponte. Porque assisto minhas necessidades e vejo que quero ser não apenas de um lado, como quem fica ilhado nas idéias e sai andando por aí em vão achando que a vida é assim mesmo, sem concerto. Eu acredito na união da minha intensidade absurda com a normalidade do cotidiano.
Me encanta isso em você, essa sua calma feroz da até medo, essa sua ausência de problemas, pode até me afetar. Ao mesmo tempo, quando você inexplicavelmente é toda a arte, tenho vontade de te levar comigo. Mas o dia nasce e você é de Oxossi. E volta a ter uma normalidade de menino novo que é, e eu te sigo com meus olhos para ver onde estaria o homem. Veja bem, não tem nada de errado em você ainda ser menino. Você cabe dentro do tempo, você acerta em quase tudo. Quero engolir todas as horas para o sempre e estancar cenas lindas em meu coração para que eu possa lembrar por mais cem anos, tudo que me ocorreu. E esse meu desespero desenfreado, é seu oposto? Tem vezes que eu acho que sim, mas pelo menos agora, estou achando que não é minha intensidade que vai te envolver, muito menos minhas cobranças sem ponto nem nexo de quem quer você só pra mim. Como seu eu tivesse, ora veja, esse poder. Essa pressa desgarrada, essa insegurança, sempre acaba me atrasando. E porra, eu ando meio cansada de correr feito maluca, abrir a porta e não ver nada dentro. Estou quase que sentando naqueles bancos brancos de ferro, iguais aos da pracinha, para descansar um pouco. Eu acho que posso ver, você passar de mãos dadas com uma menina tão linda que vai me fazer fechar os olhos e imaginar você com aquela calma, abrindo a porta e encontrar tudo que quer ver por lá. Você a deixa entrar primeiro, cavalheiro que é (mentira) e ela, sorrindo vai passar. Eu estou sentada no banco mas logo me deito com as pernas dobradas, joelhos para cima em busca de ar. Quase que não respiro.

Tuesday, December 15, 2009


Hoje eu acordei vazia. Com uma vontade de nada e dor no estomago e uma raiva que eu não saberia de onde vinha. Não era só raiva, eram coisas que ainda não achei palavras. Porque acho as palavras poucas e as vezes eu sinto coisas que não posso dar nomes. Não dar nomes me deixa confusa. Não sei o que sinto. E não conseguir nomear as coisas me da vontade de amassar um outdoor , chutar um poste, deitar na cama, dormir por nove, noventa horas. Quero sonhar que vou voar e que bem de longe, igual na porra do Google maps , ver a cidade, e se chegar mais pertinho, me ver também. Me ver sendo maluca. Mas maluca também não define. Sofro com isso. Quero achar as palavras para que como um curativo, elas possam estancar minhas dores, meus vacilos. Não sei escrever, logo, não sou nada. porque sinto que preciso achar nome as coisas, sentidos as avessas e se, caso eu não ache o que estou sentindo, me sinto ninguém. Me enfureci agora pouco, como uma louca que cega ao ver coisas que desconfortam. Queria me ver de longe. Sair de mim e poder me dar um empurrão. Tenho perdido coisas materiais, tenho perdido o caminho de uma possível sanidade e ao meu redor, meus amigos brindam a isso com cervejas geladinhas e eu fico sonsa e preocupada, mas nada digo e as vezes até me mereço. Por hora, concordo em me chamar de louca porque assim eu me amorteço de todas as explicações que me coçam na hora em que deito. Meu sono sempre vence e eu durmo como quem pode se levantar na sala sem ser percebida aos outros. Mas não acho as palavras. E esse sentimento de não nome vai em busca de mim, nos sonhos que tenho como se assim, ele pudesse ser mais ele, já que não precisa de um nome, um sentido. Mas são nos sonhos que eu me sinto mais presa. Pois lá diante do meu inconsciente, sabe, não sou ninguém. Não mando em nada e até gosto de assistir toda a fúria do meu por dentro. Eu fora, eu dentro, eu ninguém.

(Acho que eu confiaria em você se você pudesse ao menos me dar uma tranqüilidade vinda das palavras. Mas você se cala e some e me confunde e eu te cobro, te forço e você vai dormir. Como quem não vê o mesmo quadro que eu vejo no museu de nos dois. Tento ver seus aspectos e juro que faço força para ver as mesmas imagens que você. Mas meus olhos, veja bem, meus olhos precisam de suas palavras.
Acho e apenas acho que eu confiaria em você. Mas sozinha, o que vejo me assusta. E se você continuar calado, eu terei que deixar o museu. Desolada, é verdade. Mas bem mais forte, como sempre me saio quando o quadro fica só de uma cor.)

Depois você diz assim, que eu sou bem normal. E que não entende o porque deu me achar tão esquisita. E eu, daqui de dentro de mim, tenho medo de você perceber que sou infinitamente estranha. Que eu tenho pensamentos loucos daqueles que suas mulheres normais e ridículas, jamais teriam. Que eu, sou cheia de remorso e carinhos infundados e que gosto de quando estamos juntos. Mas que mesmo assim, eu mereço palavras. Que eu, principalmente, morro de medo de que você saia correndo quando o carnaval chegar. Ou quando eu carnavalisar e você se tocar que estava mesmo lidando com uma mulher maluca louca, iguais as daqueles filmes que você acha um saco assistir.

Thursday, December 03, 2009

a morte o corpo leva

André diz:
minhas apostas pra mortos em 2010....Samuel L Jackson, Hebe, Caubi Peixoto, Eu
Bebel diz:
UAHUAHAUAHUAHAUHAUAHAUHAUHAUAHUA
UAHAUHAUHAUAHAUHAUAHAUHAUHAUHA
AUHAUAHAUHAUAHAUHAUAHAUAHUAHAU

S2

"Lembrei-me vivamente de uma conversa que nós três tivéramos alguns dias antes. Kátia havia dito que é mais fácil para o homem amar e expressar o seu amor do que para a mulher.

- O homem pode dizer que está apaixonado, mas a mulher, não - disse ela.

- Pois eu penso que o homem também não deve e não pode dizer que está apaixonado - disse ele.

- Por quê? - perguntei.

- Porque será sempre uma mentira. Que tipo de descoberta é essa, de que uma pessoa está amando? Como se, dizendo isso, alguma coisa desse um estalo: clique! - e algo fora do comum deveria acontecer, algum sinal, como todos os canhões atirando ao mesmo tempo, por exemplo. Penso - continuou - que quem pronuncia as palavras "eu te amo" ou está se enganando, ou está enganando os outros, o que é pior."



Tolstoi em Felicidade Conjugal

a vovó, ao amigo

Hoje, dia três de Dezembro de 2009, minha avó se foi. Como se no dia não fosse apenas mais um daqueles que a gente se olha e janta e vê novela. Hoje como mais um dia de chuva de tédio e loucura, minha avó. Morreu de tudo um pouco, como se na vida, um pouco de tudo matasse a gente. Morreu de agüentar. E nós nos olhamos, não sorrimos nem aceitamos como se um novo rasgo no nosso peito cheio de dor anestesiada, voltasse a incomodar. Lembrei de todas as perdas. Lembrei da primeira, e no entanto, o peito já sabe, e pois a me avisar, que não será a ultima. Lembrei do meu pai morrendo e não quis olhar. Lembrei de meu vô morrendo e não soube chegar perto. Lembrei de minha mãe na cozinha, nos contando da morte de sua mãe. Lembrei como era ter seis anos de idade e pensar sobre isso. Lembrei de meu abandono, tentei entrar em mim e por para saltar alguns atos que dormem de cansaço, quando preciso agir quando perco algo. Não sei fazer balanços, não sei fazer mudanças. Não consigo. Olhei para meu irmão, olhei para minha mãe. Olhei para o fluminense tentando 4 gols no dia 3, em que minha avó morreu, com noventa. Queria pedir a deus que minha mãe possa ver meus filhos. Queria pedir a mim mesma, que tudo isso. Mas não sei lidar. Hoje morreu minha avó e se foi junto dela, um pouco de mim que estava apagado. Pensei nos olhos, no seu bairro. Nos almoços e lembrei de meu pai. Como se no peito, anestesiado de perdas, resgatasse algo. Achei importante ressaltar todo o mal que lhe fiz e brotar uma flor tão bonita que plantei em sua terra, em sua areia de ilha. Para que em vida, eu possa sempre estar contigo e soubemos fazer isso. Minha avó se foi, deixando uma semente. Eu resolvi plantar em você. Por isso que logo que soube, insisti lhe contar. Não queria afagos nem palavras maravilhosas dessas que a gente fala em sinal de consolo. Porque você sabe, eu sei, não resolvem nada. queria saber em que fundo de mar, ela agora esta. Como se a cada mergulho eu pudesse ganhar sua energia. E depois rodar, e encantar, como você fez por toda a vida. E que se um pouco de você, ficou em mim, que seja, essa sua garra. E de como você agüentou a vida e o amor indo embora e soube reclamar. Eu não soube ouvir. Nem agüentar. Me desculpe? Não sei se é isso. Mas quero lhe dizer que se um pouco de você ficasse em nós, iríamos ser mais fortes. E eu vou mergulhar.

Sunday, November 29, 2009

Amar é

Sabem, eu adoro dizer que não faço fé nessa minha loucura. Isso inicialmente, nem fui eu quem disse, deve ter sido Toninho Horta. Mas eu adoro dizer mesmo assim. De alguma forma, devo concordar. Eu me devo muito, entende? Como se alguém tivesse um armazém cheio de penduras.
Mas eu não faço fé nesta minha loucura. E adoro não me ver em beleza. Ser uma mulher somente gostosa, por ora me entristece sim, e outras, também não. Porque eu sou pisca. Abro e fecho com meus medo, lanço uns papos, poutz, nada haver... e vou indo embora. Eu descobri que minha profissão é amar. Se amar fosse profissão. Eu seria o Eike Batista. Eike batista me comove. Puta milionário que vai despoluir a Baia de Guanabara. É isso que ele faz para dormir melhor a noite? Acho que é. Eu seria uma bela profissional do amor, uma workaholic do amor. Eu amo intensa. Eu sigo amando, até gastar. O amor é ciclo, sabe? Não lido bem com ele estabilizado, salvo algumas exceções. como eu morando com dois amigos que merecem meu carinho. como com a Paula, com a Laura, com as Bibys. Como com a música. pensando bem, já é coisa pra caralho. Se fosse um trabalho, ia ser árduo. Amor é o meu ambiente. E isso quem disse também não fui eu. Foi Ivone Lara. O que eu quero ser quando crescer. Do que vou viver. Se eu pudesse escolher minha profissão, lhes juro, seria amar.

Saturday, November 28, 2009

ain....

Foi numa esquina da vida
Uma mulher em hora perdida
Um homem em ponto morto
Nessa base do tropeço e mau começo
Foi nascer contra a vontade esse amor torto
Me admira ter vingado, quem diria
Que fosse loucura pra mais do que um dia
Na verdade quem diria
Que enxergasse a luz do dia
Mas vingou e é coisa feita
Torto sim eu ostento
E ninguém me endireita
Mulher, já que Deus quer vamos em frente
Minha bandeira de guerra
Meu pé de briga na terra
Meu direito de ser gente

Minha bandeira de guerra
Meu pé de briga na terra
Meu direito de ser gente

Tuesday, November 24, 2009

Oi pra você.
Faz tempo que não nos falamos, não? Você é todo mundo. Acabei, ora pois, de voltar da Lapa. Queria ter ido a outros lugares, mas como o início nunca nos pertence, fui a um lugar já meu.
Te vi outro dia, você esta igual. Lembrei de quando me contou de como tinha beleza meu jeito de expressar meus defeitos e depois, você percebeu, que isso também podia ser dolorido. Estou aqui para lhe contar. Isso não me dói. O que eu revelo, realmente, não machuca. O que eu guardo, nem sei tocar.
Você continua o mesmo. O mesmo inseguro de sempre. O mesmo que não sabe lidar. Isso, de fato me irritou um pouco e machucou um pouco também.
Minhas costas doem, esta fazendo um calor do caralho por aqui, e eu, tenho preguiça de ir a praia, de pensar na vida, porque me sacrifico por amor. O amor, você me conhece bem, toma todo meu tempo. Esses dias, andei amando. Nada sério, mas coisa muito fina. Da até pra pensar em futuro. E eu sempre penso nele. O futuro me acorda todos os dias, mesmo quando eu e meu travesseiro queremos ignorá-lo, inutilmente. Você entenderia.
Te vi outro dia, besta, calado, sem condições de me encarar. Aquele lance de olhos nos olhos, você usava óculos escuros e eu esperei anoitecer para lhe enfrentar. Fui capaz. Sempre sou nesses momentos. Alguns pequenos detalhes de nossa riqueza, ia embora junto ao mar. Eu comemorei, não me culpe. Algo que já foi embora de nós dois. Quem saberia? Não sou tudo, você já não é mais também. Pulei o muro, juro, você ficou? Ainda não vi.
Outro dia mesmo, estava um sol de pelar, um calor daqueles que podemos chamar de todos nós. Eu ainda te via. Você sempre será importante, ta certo? Mas não pergunte o que o mar levou. Só ele sabe. Foi agorinha que eu te vi. Você ficou. Estava num tom que jamais acertaria a nota. Tentei dançar. Jamais acharia o ritmo. O ritmo de nós dois, esquecidos num salão vazio, que se abria a cada passo errado nosso. Podia te desamar, não foi necessário. Você fechou um ciclo incrível, que jamais se sustentaria sem mim, é verdade. Adoro brincar com sua deslealdade, ela não me fere, acho que estou crescendo. Queria lhe mostrar, lhe contar como ando feliz. Te lambuzar de boas notícias, de minhas concretas dúvidas bacanas, você não resistiria. Outro dia que eu lhe vi, m senti excluída, normal também. Sempre fui muito doida, insegura, até desequilibrada. Não é novidade alguma.
A musica me absorve, me anestesia. Os filmes que falam de mim, não me deixam sozinha. A noite me abraça, mesmo sendo tarde, tem sempre um cantinho onde eu posso me aconchegar. ela sabe. Sei também. Você desliza e vai embora. Eu não tento seu resgate e fico com vontade de abraçar um homem que não sabe onde esta. Disse a ele outro dia; aqui é meu coração. Sei que não é muito confortável, apertado até, mas é isso que posso lhe oferecer. Queria mostrar todos os meus jeitos, meus lados, minhas vertentes. Mas ele ainda esta na dúvida, se lá é um bom lugar. Tem dias, que eu sei, é la que ele quer ficar, bem tranqüilo. Até achar que foi um bom negócio. E tem dias que a liberdade e todos os outros questionamentos, gritam com ele. Ele foge me abrindo oportunidades, como quem sai de meu peito deixando a porta aberta, chamando atenção. Outros entram,e eu me certifico. Tudo pode dar certo.

Sunday, November 22, 2009

elas

Ela adentrou ao salão
Dançando desconcertada
Conforme ia
Matade da platéia, ria
Metade aplaudia


E soube que, ao entrar no mar, os rancores estavam todos, sentados na areia.
Ela dançava ali, sua biografia
que eram muitos rodopios, passos em falso
Risos abertos, entre-dentes, bailarinas.

Se soubesse que a lua assistia,
Ficaria nua.

Friday, November 20, 2009

10

As vezes, fico imaginando quando a hora vai chegar
De repente, uma explosão lá fora
Coisa de minuto
E eu reparo com os olhos cálidos
Que por fora é que se diz de toda beleza
Conto um
Faço o dois
Mando o três
E a hora não chega
Cesso quatro
Rasgo o cinco
Corto o seis
E nada da hora
Piso o sete
Mastigo o oito
Mando um nove e
Nota dez.

Monday, November 16, 2009

Resposta ao Lellun, ode a Ruly


eu sou de uma geração esquisita, nasci em 1983. durante muito tempo achei que isso não fosse nada. hoje,eu continuo achando que isso não é porra nenhuma, só complexidades. mas acho também que o tempo passou. acredita que outro dia comprei um creme para mulheres de 25 anos? será que ele já não serve mais para mim, já que fiz 26 a pouco mais de 6,7 meses? já tenho até cabelo branco e isso me irrita completamente. eu sou de uma geração esquisita. a geração de meus avós guarda coisas muito interessantes como telefones pré históricos e bolerinhos. guarda tricô e tradições, preconceitos e muitos filhos. frases feitas e regras rigídas. a geração de meus pais, explodiu. já eu, bem, vocês sabem, sou de uma geração muito esquisita. enforquei a liberdade de meus pais esquerdistas, num buteco qualquer sexta a noite. o mundo veio virtuando, o muro de berlin já tinha caído no início, o collor foi eleito, o lula era uma utopia. taí, eu votei e vi o lula presidente. isso eu vou poder contar pra alguém que vai chegar depois.(sem polêmicas) eu sou da geração da rave, do i phone, geração chaves, coca-cola, miojo. geração briga de trânsito, relacionamentos rápidos. geração corinthians segunda divisão. eu sou daquela geração que a tendência era piorar. o mundo correu na minha geração, correu sem que eu pudesse ver qual era a expressão do nosso rosto. correu tanto, que até agora não deu pra saber quem chegou bem. eu sou da geração oi tudo bem beijo me liga. do auge da tecnologia, dos desavanços humanitários.
por outro lado, eu sou da mesma geração da ruly cara. e sempre que ela chega aqui em casa para comer carne moída e brocólis cozido, eu sinto orgulho da minha geração.
eu sou da mesma geração de um monte de geradores. e com muito orgulho, vou poder falar aos meus netos; rapaz, eu sou da geração da ruly. e se eles forem bem sagazes, vão entender o que eu estarei dizendo. ou não.

Sunday, November 15, 2009

é...


Ando cansada de tudo
Desses nadas
Mudo de tom
Mas escuto o coração
Que é o talo de uma flor macia
Que algum ainda vai florar

E quando da areia
Do nada
Surge tudo
Creia que a luz
Vai limpar toda a bruma

Mas durma
Que a noite espreita
Deita que eu vou te ninar
A alegria já dobrou a esquina
Nina que é pra não chorar

Wednesday, November 11, 2009

Fonte

até onde eu me entendo, não sairei daqui tão cedo. não sei mesmo o que você poderá achar desta minha decisão ingrata. apenas sei que sua pressão não tem surtido o efeito esperado. o que acho que ambas sabemos, é que não estamos lidando com isso da melhor maneira possível. o que acho que você não sabe é que todas as vezes que eu lhe quero por perto, seja por um maxilar torto, falta de dinheiro, saudades de dar risadas, é porque preciso de você por um só motivo; estão tão aflita quanto você. o que você também não tem idéia, e portanto, eu decido, de uma vez por todas irá saber disso; eu quero que tudo isso se resolva, infinitamente mais que você. eu me incomodo com isso infinitamente mais que você. eu sofro quando você comenta isso com alguém, muito mais que você. sua aflição esta me acuando, seu colo me tirando a coragem. minha indecisão, essas perdas que tivemos desviaram meus caminhos.
sei que somente sou, o que realizo todos os dias, os dias em que nada realizo, me sinto péssima por não ser ninguém. realizar significa qualquer coisa que minha mente registre como algo que não vou esquecer tão cedo; pode ser um pôr do sol na praia, nadar de roupa e tudo, ouvir um samba, ler um livro de poesia, beijar na boca, ter uma aula, dar aulas de português, almoçar no por kilo sozinha, entrar na internet, tomar uma cerveja, ver um filme, conversar e etc...são milhões de coisas e nem sempre elas me fazem feliz, como nem sempre sua vida lhe faz também. sou igual a você do outro lado, tentando ir para onde eu não sei, mais sei ser meu caminho.
não precisa me avisar que o tempo esta passando, eu o vejo todo dia voar feito passarinho bem na hora em que o sol vai embora. não quero morar mais em são paulo, porque estranhamente o rio é meu lugar. não queria ver pessoas indo embora, mas o tempo...ah...e os passarinhos, eles precisam voar. não queria ter só um assunto com você, ser tema de polêmica, não queria te ver nesta agonia, pois sei que sou eu a culpada dela; de toda a sua agonia? e por fim, não queria ser um erro de todos seus planos futuros, daqueles que a gente planeja um dia, quando vê a barriga crescer. você me teve e agora eu te agonizo. não era essa a meta das coisas, nem minha.
mas alguma pedra desviou os rumos, as direitas, entrei as tortas, perdi meu pai. arranquei cabelos, acreditei em nadas, me apaixonei e larguei tudo, fiz mais besteiras que aldir blanc. me afogo em mim. e as vezes acho que nado, mas perco o ar rapidinho. te peço desculpas? te peço paciência(mais)? te peço ajuda? não sei. não me sinto triste. sinto só as diferenças na forma em que me criei. vendo meu mundo ao redor, todos estão andando em fila e eu, miopie de vida, ainda tento enxergar alguma coisa minha no meio de tudo que ainda é mistério. não queira saber como isso machuca.

Tuesday, November 10, 2009

sobre o apagão


parece que várias vezes a luz vacilava momentos claros e escuros também. e tinha dias que piscava. o que era bom, pois eram nesses momentos, em que eu gostava de ver a verdade. pois bem, eu montava minhas historias em cima de seu pisca-pisca e construia assim, meu amor. o dia seguinte era de apagão. e o mais engraçado do escuro, é que geralmente, ele vem acompanhado do silêncio. o silêncio cheio de verdades sobre nós, que eu também queria apagar. não conseguia. entrava em crise, me redimia a todos meus sentimentos por você e pensava; tá vendo isabel? eu lhe avisei, não era para ser nada. e assim seguia, cheia de angústias e previsões. então eu lhe encontrava, e você pisca-pisca. então eu lhe encontrava, e você era claro. clareava também ao ver meu coração abrir as pernas a toda luz que vinha de você. era um retorno. daqueles eternos, dignos de teorias doloridas, as quais você sabe que erra e não quer mesmo assim, concertar. eu acordava iluminada ao seu lado, prevendo meu escuro, e mesmo assim, acredite, eu era feliz. depois, você ia de encontro ao ciclo, e apagava. eu repetidamente, lhe empurrava para fora, mas estava cada vez mais difícil lhe tirar de lá. você sabe ascender, sabe apagar meu caro. só não sabe, é manter a chama viva.

Monday, November 09, 2009

o amor do homem veneno

eu vou aqui contar uma historia de como eu amei o homem veneno:
primeiro de tudo, é de sumária importância a todos que me lêem, que este homem, ainda esta presente em minha vida sempre em sonhos, o que me leva a pensar, meus caros, que este sujeito é mais real do que possamos suspeitar-dentro de mim-.
tudo começou a nove anos atrás. quando eu era uma garotinha conhecendo o mundão que sempre me fora contato com as janelas fechadas, naquele tempo em que minha geração achava o máximo ter pais que lutaram na ditadura militar. eram bons tempos e um breve começo de nossa determinação política que mais tarde iria embora junto com um vômito de alguém que bebeu demais. época ainda,em que a esquerda ainda era uma senhora oposição. enfim, foi neste meio termo que conheci o homem veneno. ele era exatamente marcante; roupas peculiares, apelido peculiar, traços também. era um homem lindo que eu observara quando saia para fumar maconha escondido em uma antiga petshop que ficava fechada a noite e era pertinho e escondidinho dos olhares cegos de qualquer transeunte, polícia e afins. neste dia, uma grande amiga tinha tomado um ácido que a pos em uma viagem da qual o mundo, era de sapatos. como tudo do homem veneno, era bem peculiar, seus sapatos não deixavam por menos. como tudo que é diferente no mundo, mesmo sendo ele, de sapatos, chama a atenção. o homem veneno também ficou curioso ao ver minha amiga alucinando com seus sapatos e logo veio a mim, curioso, perguntar o que ela tinha tomado. respondi que era uma bicicletinha. ele me perguntou se eu tinha tomado também. respondi que não e ascendi um baseado. ele me pediu uma bola, duas, três e risadinhas que marcavam nossos próximos encontros todas as sextas e sábados naquele mesmo lugar.
o que veio depois, além de muitas gramas de maconha e alguns litros de catuaba, pois foram meses, desta mesma fórmula, foi uma carona.

foi assim:
o homem veneno, ao me deixar em casa, me deu um beijo e uma mordida tão forte na minha boca, que quando eu entrei em casa fui direto ao meu quarto com os lábios doloridos e fiquei curtindo a dor, pondo os dedos sobre eles. foi pelo meu rosto que o homem veneno, do qual eu não amo e nunca vou deixar de amar, entrou.

Não tem cura

esta irrefutavél e razonário, estendido entre mil folhas e roupas que larvas abrigam, como em uma enorme força natural que vibra a cada instante de meus atos. andar na rua, ver pessoas-mundos. ver almas escuras, brincando de tingir. e seus sopapos não me encontro; eu hoje a noite não te esqueço.
e não tem cura. hoje eu declarei; não tem cura! gritei a toda corte com seus reis miseráveis, rainhas sórdidas, palhaços pimpões. não tem cura, eu gritei alto, nuvem ouviu. sai esquecida ao destino. sua magestada, entre tantas dúvidas que passam na cabeça de um rei, que são reis em seu maior plural.
ele me olhou com desdém. um inicial conforto em me olhar assim. não tem cura, disse mais uma vez com medo e vergonha, baixinho e bem próximo deles.
aqui é o que bate, disse amassando o peito. esta tudo marcado. não me doí. e o rei riu. eles riram porque saber de mim é convalecente? o reis parou. eram vários que só tinham uma voz, me traçou de novo com uns olhos tecidos:
você já sabia?
achava que sim, magestade. mas hoje obtive a certeza maior.
não quero saber seus motivos. poupe meu peito inflar paciência. quero o novo, curar meu desagradável desnível sobe todos a quem sou maior. nesta hora olhou para cima e se curvou a deus. olhando pros reis, entendia por onde poderia escapar.

Friday, November 06, 2009

ui ui

tem dias que você tem cara de tonto, e tem dias que você tem cara de nada. tem vezes que você solta uma risada, sem querer rir. e as vezes solta essa mesma risada, rindo de fato. tem dias que seu beijo é estranho e tem dias que eu te beijo estranho também. talvez seja por isso, que eu não me sinto segura o suficiente para saber onde esta você, e/ou, onde eu estou em você.
mas tem horas que mesmo que poucas, você me convence que esta tudo indo de maneira, daquelas maneiras, que faz a gente querer se ver mais de uma vez. e como sempre temos mais vintequatrohoras, da tempo de sentir tudo por você. até saudade da sua cara de tonto, cara de nada. até da gente junto, que é de um lance até bem equilibrado. e eu que achava que nunca iria ter essa palavra perto de mim...vai vendo:

é o jeito como você muda o jogo e quebra as regras, são os traços da evolução. eu não gosto de tomar hormonios e chorar vendo o sofrimento dos ursos polares nas geleiras derretidas pelo aquecimento global nosso de cada dia, mas aconteceu.
é o jeito como você respira, do jeito que eu te olho. do jeito que eu me sinto quando você fala alguma besteira, daquelas de criança. e o jeito que eu me surpreendo quando você fala algo relevante demais sobre qualquer assunto que eu verborrágica não paro de falar. depois, são todos os nossos jeitos; aqui e ali, e rindo e ai,ai,ai.
todo um jeito que esta ficando nosso.
não me iludo, mas se sêsse, ô se sêsse; ia ser futuro.

Sunday, November 01, 2009

Sobre nós


É esse estranho jeito que levamos a vida, que tem nos matados. E morrer por aqui, é apenas virar estatísticas que vão florear jornais que amanhã já estarão velhos. Morrer então, não é nada. Mas é esse estranho jeito de viver, de rir, de interagir, de observar, que esta nos matando. É esse estranho jeito como a modernidade avança, sem que nossa mente consiga acompanhar. E a gente se pega rindo de coisas pequenas, de coisas imbecis. E eu fico pensando que foi se o tempo que rir, era coisa de gente inteligente. Hoje se ri por qualquer coisa. Rimos de um esquizofrênico que fala; Ronaldo. Rimos de “humoristas” que vão ao planalto central expor “toda indignação do país“, com nossos políticos de hoje. Rimos das respostas rápidas de Paulo Maluf. Rimos de um pseudo artista de televisão ao ter um surto de raiva em um reality show. É, rir ficou fácil, esculachar também.
Esculachamos e até humilhamos mulheres como Carla Perez, por que só burros riem da ignorância. Rimos quando “humoristas’ vão as praias expor mulheres fora do padrão de beleza, para que elas sejam a musa da beleza interior. Porque gente “feia’ é mesmo de gargalhar. E mulheres bonitas é para se jogar pedra. É claro que isso não vem de hoje, se não, Chico Buarque não iria ter escrito a historia da Geni, lembram? “Joga pedra na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, maldita Geni!”. Mas no fim da música, quem salva a humanidade, é a própria Geni.
Foi a primeira associação que veio a minha cabeça, quando soube do que tinha acontecido na faculdade particular UNIBAN, na última quinta-feira. Cerca de setecentos alunos, homens e mulheres hostilizaram uma aluna, por usar um vestido curto. A mobilização foi tamanha, que ela precisou ir embora escoltada por PM’s. A modernidade foi usada para que alguns alunos filmassem tudo o que aconteceu e colocassem no YouTube, talvez para mais algumas risadas, ou talvez para que questionemos esse nosso estranho modo de viver.

Antes de qualquer coisa, parto da seguinte opinião; nada, ABSOLUTAMENTE NADA, justifica tal acontecimento dentro daquela universidade. Vi uma reportagem em que alunos e professores tentavam amenizar a culpa dos universitários pelo motim dizendo que ela “pediu” para chamar a atenção. Por isso, não pode reclamar do que houve. Engraçado que não eram só homens hostilizando a aluna da UNIBAN, mulheres enfurecidas também a xingavam de puta, recatadas dentro de suas roupas largas e longas, sofridas, machistas, invejosas talvez. E muitos dos homens, excitados, pediam aos berros; ESTUPRA!
Hoje somos qualquer coisa; trabalhamos por qualquer salário, matamos por qualquer desacate, rimos de qualquer merda, fazemos sexo com qualquer pessoa, nos expomos sem qualquer cerimônia, enfim, estamos para qualquer jogo. Foi quando mesmo, que a vida perdeu a graça? Foi no mesmo dia que o machismo ganhou formas e caras novas, foi quando o moralismo fascista criou raízes, sem que eu possa ascender um cigarro de baixo do toldo de meu buteco preferido. Foi no exato momento em que paramos de nos levar a sério, paramos de acreditar no mundo em que vivemos, na política, no preço das coisas, na rapidez das relações onde não temos mais tempo de perguntar, como estamos. E ai, como estamos?
Estamos todos doentes.

Sunday, October 25, 2009

zumbido

Um homem devoraria um frango, aos grunhidinhos e mãos gordurentas se entrelaçando entre a delícia de se gulosar e o poder da fome no meio de um bar, desses que surgem mesmo que sempre ali, no fundo da noite, beirando a fantasmas que encontramos sempre que sim.
Isso é amor.
Chupando os ossinhos de um galeto, entrelaçando felicidade e a mesmice que é se orientar pelo cotidiano.
Isso é amor.
Pratos sujos mãos também.
Uma mulher com seu vestido lilás muitas outras coisas que se abririam ao olhar no fundo dos olhos de quem vê.
E o fundo era um lago cheio de infinitudes e buracos de tristeza e momentos completos de alegria, como a gente hoje à noite, mergulhando no mar, ficando muitos minutos, cada um com seu pensamento.
Como eu que fui a última a sair e vi muitas estrelas e até uma cadente, que o desejo foi pela minha mãe.
Mesmo sabendo que no fundo a saúde dela depende de mim.
Quando eu virar gente, ela se cura.
Quando eu virar gente, parte do mundo andará.
E eu
não terei mais meus sérios problemas doentes mentais, de quem dá valor a coisas que jamais mudariam um piscar de meus olhos.


(Isso tudo é mentira, Carlos, mudaria sim.
Claro que mudaria.
Então seja bem-vindo ao meu mundo de colapsos.
D'eu procurando a solução daquele meu primeiro caso que fudeu todas minhas serotoninas viciadas em problemas.)



Eu não amo o indivíduo, eu descobri que não amo o indivíduo, eu amo a causa. Estou lampejando.

Thursday, October 22, 2009

-Primeiro inteiro pensamento, logo após-

Permita-me

Permita-me ousar algumas palavras a você.
Permita-me não ser mais sua.
Permita-me nosso fim.
Permita que eu siga só, te odiando.
Permita-me poupar danos maiores.
Permita nossa amizade.
Permita um ódio se possível for.
Permita-me rever ascesa, confusa, intensa.
Permita-me falar. Sobre todas as coisas.
Permita minha confusão mental, minhas mentiras sobre a liberdade.
Permita-me separarmos.
Permita ser quem sou. Só mente e nua.
Permita-me correr outros riscos, provar outras doses.
Permita-me escolher o amor que quero viver.
Permita-me cuidados, anseios, flagelos.
Permita-me coragem.
Permita-me prender, me soltar, eu mesma, sem você.
Permita-me não mais lhe falar, te seguir,
me causar.
Permita-me rumos, não os fecho, não os abra.
Permita-se ter.
Permita-me dizer não a você.
Ser teu caso, tua cama.
Permita-me tropeçar e cair e rodar,
sem lhe ter.
Permita-me me usar.
Permita-me.
Apenas permita-se a me deixar em paz.
Que eu não lhe permito-me mais.


-Segundo metade(a terminar) pensamento em seguida-

(descanse pequeno, sobre essa sombra que lhe embala.
desvie meu anjo, todas as mazelas trocadas.
recuse a próxima falha de seu desejo.
faça meu pequeno, as doses diárias da vida.
recorra-me entre suas lágrimas e descançe.
durma sobre o campo do fim da tarde e respire toda a alma que lhe rodeia.
gire meu pequeno, que o mundo esta a favor do vento.
a vida é para quem veio.
como num sopro dos jázidos velhos,
estamos a reciclar.)



-Terceiro e último pensamento, dividido em dois-

Parte 1:

era imprudente pensar sobre o dia que viria. tão pouco começar a ser feliz horas antes do destino traçar os cantos.
todas as forma de amor estariam livres antes do acontecimento. depois, se acumularam. e não pôde mais a mulher se desvencilhar
do que ocorria com seus movimentos presos. a cada gesto, uma dança do dito e feito. morreria em troca de todas as eternidades, para ter
aquilo que nem sabia o que era. falaram baixinho, que ela tinha é que acreditar em toda sua intensidade, igual quando ela ia ao cinema sozinha e
milhões de coisas passavam-se pela sua cabeça turbinática. ela queria comer algo que não sabia nem o gosto.

Parte 2:

correu livre de impedimentos, o juíz anunciaria o gol válido. marcava uma vitória, mas na outra quarta-feira, empatava o jogo.
a vida era um campeonato com mais de onze em campo. e ela seguia sem torcida organizada. quem a acompanharia nas semis-finais?
e se os pontos corridos estivessem a lhe prejudicar? não queria o rebaixamento e certos lances acharia que sairia injustiçada.
por muitas vezes, jogou a partida sem condições físicas alguma e mesmo assim, não lamentava. quando perdia, trocava de técnico.
e ora era o comentário geral de todos por ali. muitos lhe davam táticas diferenciadas de seu jeito de atuar em campo. tentando em vão seguir
outra linha, se perdia na partida. mudou de clube, mudou de cidade e respirou novos ares. o jogo nunca tinha endereço. e ela esperava o dia do clássico
chegar, tipo olho no lance. os lances meus caros, eram todos. de todos os dias. até ela entender que nem um jogo, é mesmo um jogo. e que as regras
são só limites impostos por alguém que algum dia, não se permitiu ir além. ninguém entenderia seus manejos e logo lhe diziam que a verborrágia iria
lhe afundar. aos quarenta e cinco do segundo tempo, era já segunda feira e fazia sol. ela acordou com um som esquisito vindo do rádio e desligou o aparelho
para pensar. o tempo acabou, o jogo estava perdido. muitos esquemas e regras das quais ela nunca ousou a entender. porque tinha medo e preguiça
e achava mais fácil jogar aberto.ela tomou um banho, pediu a toalha e foi embora. a verdade é que o campeonato, nunca iria ter fim.

Thursday, October 15, 2009

PQP

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio



Chico Foda de Holanda

Sunday, October 11, 2009


Casca de ovo, sanduíche de presunto, amor a qualquer custo, horas no ponto de ônibus, são minutos, enfim. Bolo de chocolate, futebol na tv, óculos escuros, lentes e oxigênio. Traições e falsidades, aspectos involuntários, vídeos caseiros, fórmulas exageradas. Mulheres chorando, banheiro de homem, samba-canção. Macarrão caseiro, rocambole de doce de leite, eu te vendo de longe. Eu sofrendo em vão. Corridinhas matinais, cachorro de rabinho cortado, uma mulher maluca em crise vira uma mulher normal. Uma coisa que abre, na outra coisa que cabe, é assim, meu coração. Nós nos usavámos. Eu só sabia de você. O sopro da gaita do homem que assoviou minha alma. Nós nos usávamos. O amigo do homem me chamando para sair. Nós nos usávamos. Um olhar logo ali, querendo me usar. Se eu não mais te usar, você vai pensar que eu te desprezo. O outro amigo e mais alguns olhares. Nós nos usávamos. Eu não sabia. Casca de pão, bolor no feijão, prato e garfo sujos e nós nos lençóis, nos usando. Canto dos passáros e táxis fora de frota, nós nos usando em pleno calor. Ele morava longe e me levava para usar na sua casa. Eu acordava de manhã usada. Ressaca moral de nos usar. Eu quero aprender a te usar. Um homem que ainda não perdeu a inocência e ainda não sabe que quer me usar é mais comovente. Um homem romântico que, além de tudo, quer me usar é mais comovente. Troca de casais, flores murchas, batata doce e nós morrendo de frio, nos usando. Rádio ligado, domingo à tarde, superbacana. Nós nos usamos até gastar. E agora eu não quero mais te usar.

Friday, October 09, 2009

Gamboa


Parecia que eu estava em silêncio. E neste dia fiz de tudo para não perder meus planos. Sempre faço às avessas. Cortei um pedaço que sobrava de mim e com mais um pouco esfolei os sentidos de quem me amparava. Fui ao teu encontro sem saber que era esse meu plano. Ainda não tinha esquecido de todas as cicatrizes que, espalhadas pelo meu corpo, mantinham o aviso. Nunca vou me cuidar. Não existe não estar preparada, a vontade já vem preparada. Foi o que eu te disse ontem. Você acreditou, ou não entendeu? Passei por fases brandas, estava na roda-gigante. Rodando pelos meus altos e baixos. Preocupo pessoas, preocupo família e amigos. Minha felicidade é que me desconcentra. Ontem você pediu para olhar pra cima e fechar os olhos, depois abrir e continuar olhando. Pude sentir seus começos. É meu começo também. Sinto-me um marujo, véio de guerra. Sinto-me sacerdote, sabedor. Sei que sinto, e que vejo as verdades porque sei onde moram nossas mentiras.
Relatei um vôo de passáros em V em plena avenida. Não poderia mais suportar tanta liberdade em mim, alguém teria que me podar. Me cadear. Segui seca, em busca de líquidos, cheia de fortes. Os fortes eram por hora suicidas e, de vez em quando, quando eu me jogava, era bom. Tentei ser em V, tentei ser todos os pássaros e fui me curvando para ser igual. Sem penas e sem meu pai.
Todo dia o espelho reflete a mesma informação ameaçadora. Sou o meu fim já escrito em glórias e tragédias. Rodo e me cheiro e me procuro para ver se alguma parte do meu corpo nunca foi vista por mim. Me espio, sendo bicho, me fuço, tento me achar. O espelho, cheio de respostas, se cala refletindo. Eu sou o que jamais vou mostrar ser.

Monday, October 05, 2009

Cinco atos de amor

Primeira pessoa:

Desculpe eu ser essa mulher confusa que ora se faz de moderna e ora quer carinhos do além. Eu sei que você não deve ter entendido nada meu jeito carente como se eu fosse me tacar da janela e não conseguisse pronunciar com pleno conhecimento, minhas últimas palavras. Sabe, eu sou um problemão daqueles sem sentido e solução e ando muito sozinha querendo ter alguém na vida que me ame pra valer.
A cada momento, penso que achei um. Construo meu castelo de areia, tão grande e bonito, mas como você tem visto, o tempo no Rio anda uma merda e meu castelo não para em pé. Você me acha muito maluca? Eu estava com uma ressaca desgraçada, daquelas de precisar desabafar. Eu mesma não entendi o nexo da maioria das coisas que lhe falei. E lá no fundinho, sei que não é comigo que você vai ficar, mas eu adoro cavar buracos e morrer de amor, porque estranhamente isso me dá gás. Além do mais, se eu tentar mais um pouco, logo mais é verão. Quem sabe ai, o tempo não firme, fazendo com que meu castelo de areia não desmorone tão rápido.


Segunda pessoa:

Você ainda mora aqui dentro. Só não sei onde deve estar, em que parte do corpo, em que órgão vital. Também não sei se você é um vírus ou uma bactéria, ou então uma alergia forte e boa de coçar. Sei que você entrou pelo coração e de lá de dentro se transformou em um besouro barbeiro. Mas eu tenho sopro e bem devagarzinho te expulsei, como quem assopra uma ferida para não arder. Não sei mais onde você mora. Mas ando querendo que você vire uma lágrima e que me deixe, no meu próximo suspiro.


Terceira pessoa:

Eu lhe mandei um e-mail bobo outro dia e você não me respondeu. Mas depois, vi seus muros se levantarem e seu exército se armar, caso eu chegasse mais perto. Então, pude constatar que você nunca me esqueceu. Eu tenho curiosidade de saber como anda sua vida maluca e também, curiosidade para saber como você pôde me amar tanto.
Gostaria realmente que você realizasse uma palestra para que todos meus homens me amem tanto quanto você. Se puder quebrar essa, entre em contato!


Quarta pessoa:

É claro que se eu ficasse com você, seria por vingança, juro, eu sei, é ridículo isso. Mas se no meio deste meu gesto infantil surgisse algo de bom, eu iria adorar. Ontem nos conversamos horas e demos risadinhas e olhares de razão,um sobre o outro. Mas você também anda armado. Eu sei porque te revistei. Agora ando confusa e mais louca sobre como te proceder. Mas olha só, caso a gente fique, por favor, se apaixone. E admita isso segurando em minhas mãos, sentado em uma cadeira de plástico de um buteco qualquer, olhando pra mim, morrendo de vergonha.
Pode ser? Eu iria amar você e até namorariamos. Você iria sofrer e nossa relação seria doentia.


Quinta pessoa:

Quero te falar uma coisa:
você é estranho e eu não te conheço. Não tenho a mínima vontade de te ligar e nem dei google no seu nome para saber mais da sua vida. Você é gostoso e pouco inteligente. E eu fico imaginando como deve ser seu pai, já que você me contou que ele é mórmon. Mas acho que é só.
Desculpe.



Isabel Crozera

Sunday, October 04, 2009

Quem sou eu
Pra dizer que você fica mais bonita
Desse jeito ou daquele, quem sou eu
Quem sou eu
Pra falar mal do seu gosto
Da pintura no seu rosto
Quem sou eu, não sou ninguém
Cada um trata de si
Seus olhos parecem dizer
Muito bem
Eu prefiro não falar
Para não contrariar você
Fico no meu samba
Se quiser, pode ficar
Vou lá na Portela
Mesmo que você não vá
Não darei ouvidos
Se você me provocar
Mas aceito um beijo
Se você quiser me dar

Friday, October 02, 2009

Hoje acordei meia Caê, morô?!


Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias tristezas e brinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Monday, September 28, 2009

RETO

Hoje eu serei bem honesta comigo mesma e não tentarei enrolar as palavras com que o conteúdo delas, seja levemente modificado pela poesia nela inserida. não vou me iludir. ao mesmo tempo, o rodopio com as palavras represente talvez minha eterna dança com a vida. sou eu refazendo os caminhos antes de chegar a grande final. como se a vida fosse e é, uma maratona e tudo que eu como competidora gostaria é de não passar pela faixa de chegada. escrevendo também, vai saindo medidas de mim mesma. ao final de tudo, me leio. o que esta no papel, foi verdade. foi tudo verdade. e a dança com as palavras, foi a dança de ontem ao saber, ao encontrar, ao pensar na linha de chegada da vida. sempre me vem a cabeça laços, asas, festas. ando emotiva, e o motivo de tudo isso deve ser o cansaço da prova, da maratona. a equipe inteira do campeonato anda procurando a competidora que não chega. qual é o medo que se segue ao romper a faixa? lembrei que tudo isso me lembra a chegada a vida. me veio a imagem do competidor passando pela faixa, e a faixa caindo. me veio a cabeça o umbigo que corta e rompe também. descobri então, tenho medo de nascer. estou onde então, se ainda não nasci? o caminho da maratona é longo demais, ainda mais pra mim, que rodopio, enlouqueço e não firmo nada. não firmo no meu coração as marcas de um amor, nem em minha vida as marcas de um destino certo. se não estou me firmando, se ainda estou rodopiando, ainda não aconteci. ainda não nascer é saber que não estou morta e isso me anima um pouco. hoje eu acordei com certezas que ainda estou rodopiando. e que minhas inseguranças são os meus buracos. e se machucar em uma maratona, não é bom para o competidor. me deu vontade de retornar. de voltar pro ventre. e eu tenho a minha disposição o ventre de minha mãe que esta longe, mais ainda existe. existiu uma tentativa de me afastar do ventre, que foi quando eu me mudei aqui pro Rio. mas o ventre esta sempre lá, quando eu preciso. e hoje eu acordei querendo ele. se eu estando longe, sem o ventre e tenho que me conformar sozinha, nascida, serão então esses momentos que a gente cresce? eu recorro a escrita, eu recorro ao silêncio que é minha solidão. eu só recorro a noite, quando estou bem. e então neste aspecto, pelo menos, eu acho que eu faço a coisa certa. porque gosto de brindar a alegria, ao cansaço de candeia, gosto de brindar sorrisos e não lágrimas. mas hoje eu acordei depois de sonhos completamente já sabidos por mim; que me desculpe o meu subconsciente, mas tudo que aconteceu a pouco, já era de meu entendimento. menos em um aspecto. sonhei com uma gira. sonhei que estava na casa de uma amiga e pegava uma garrafa de pinga. eu derramava toda a pinga no chão em forma de circulo, me fechando dentro dele. e depois ia ao centro com a garrafa na mão e recebia um santo. não sei qual nem o que me disse. acordei. lembrei com tristeza que parte do sonho fazia muito sentido; aquele menino me tratando como quem tanto faz. dai me lembrei de uma conversa com uma outra amiga sobre isso, sobre ele, e disse a ela que eu também o tratava como tanto faz. e isso não deixa de ser verdade. mas não é uma coisa sincera de minha parte. é só mais um desses buracos inseguros que eu também contorno, alegando ser fodona. tem gente que acredita. eu mesma nunca acreditei. como também não quis acreditar naquele homem, no seu não amor, no seu tanto faz. mas ontem a verdade me veio e eu tive que ir dormir com ela. e aceitar a verdade para mim, é duro. bem duro por que é lá que moram meus erros. na verdade moram meus erros. e eu não sei resolver meus erros. então não sei lidar com a verdade. eu me envergonho disso, como se fizesse xixi na calça em frente a todos. então eu rodopio mais uma vez. e saio brincando. o sonho dizia tudo. era um resumo das palavras das conversas de ontem com meu coração fracassando mais uma vez, por culpa minha. eu me odeio? ainda não sei. neste momento quero o ventre de minha mãe. quero ser frágil para ser digna de cuidados.não quero ter alma, porque isso é coisa de gente grande e complicada. e mais uma coisa; no fundo, o fundo por vezes é raso também, quero resolver todos meus problemas. quero agir diferente, porque estou cansada de errar o caminho de propósito para não chegar ao fim da maratona. tenho medo que depois do fim da corrida, comece outra e que eu cansada, não dê conta. o mundo é uma equipe que conta comigo.

Resposta a dani

Já eu acordei sensata, existe uma coisa louca nas pessoas mais inseguras, não, você nunca saberá o que é isso, você não é dessas, que as vezes não as deixam dormir. acordei turva; visão turva, dentes e olhos e corpo inteiro, assim, turvo. abri a bolsa. minhas bolsa, no caso parece sempre ter uma explicação para a noite anterios; mensagens mandadas, cartões de taxi, cartões pessoais...enfim. no embalo, vi o pacotinho do colar vazio, e então, lembrei de tudo; da lais, da sara que esta a coisa mais linda com aquele cabelo, e de um ser de luz(fantasmas?) que sou eu, anos atrás; lembrei do abraço e da saudade que dá. lembrei do menino gorfando ali do lado, da lapa de vocês. momentos de transição. lembrei da vida em seus olhos e me orgulhei. alguém lá em cima, melhorou demais minha nova versão, pensei. logo eu, tão cética. adoro me ver, mesmo que rápido, porque os abraços longos são a forma mais expressiva de lembrar que eu me amo. que eu te amo.

Tuesday, September 22, 2009

Resposta a Dimdin

Forza adruptan ao templo
és mero conchido do vintém de duas uma, amém. creio que pregras ouvre no escuro e eu enforcaria seus foguetes em mim. em mim jorram todas possíveis velas que se apagam, fumacinhas. creio-me que faço acordos com eles, every day. acreio-me, teço, sou artesã. contratrium, áspero, oxi-gênio. mundo que voa, tragos, meus lamparejos, percursos, domínios, travessos. aceito-me in furians, momentos arquétipos. que são, que são. sãotudo. sãotudo. é dia, é hoje. cafezinho, pão francês. enjoa, vovó, margarida. eu odeio margarida. frágil, lento. saio, pago, entro, escolho, bebo. já esta lá. é transe, é forte, é mais que eu. sozinha, com meus monstros, devaneios. me entrego, sou coisa, sou anjo, demônio. ateu. deusta, vidrun, catalpeticun. vou fazer sinal, quero parar já. quero recomeçar, quero tattooar. sim. sim.
até lá, na última até de manhã. com os olhos cansados, vertem lágrimas. olhinus de ninguém. fecha, abre; pisca e pisca. vai no meu vem que nós seremos um só. outro.



pulei da maravilha e imagina só o meu vôo.
asisinhas cor de rosa e detalhes limão. chocolate.
um tanto que tenha. você também tem.
contanto que tenha, você também tem.
gosto de menta. aplicam-se favos, jorra pimenta.

pulei da maravilha
estou em pleno ar
crepticuns ascos, pergunto-me, afago.
um abracinho aqui vai bem
cachorros crianças eu e meu bem

não sei rimar, definitivamente
6por6

Sunday, September 20, 2009

Grajaú 422

Subia no ônibus, um homem que tinha uma língua roxa, igual daqueles cachorrinhos chow-chow, mais uma mulher loira que me lembrava uma beterraba. Uma vez eu abri uma beterraba e tinha um monte de bichinhos dentro. Coisa que a gente nunca vai imaginar é topar com uma dessas pela frente. Subira no ônibus um homem que acabara de sair do avião. Eu sei. Eu sei porque vi a mala dele, era uma daquelas que sofrera uma viagem de avião. Eu sei porque o aeroporto estava logo ali do lado, mas o ônibus andou com o motorista cantarolando "veja, essa maravilha de cenário" e o cenário era o morro pintado de verde que algum prefeito canalha, desses que se tem por aí, mandou pintar para dar uma dichaavada. Minha mãe vai corrigir isso aqui, não vai saber o que é dichavar. Entrou no ônibus uma mulher com um vestido curto, muito mais curto que os meus vestidos curtos e logo baixou o rosto e dormiu. Passamos por milhares, sim, milhares de ruas e o Rio de Janeiro foi se misturando, a Cidade Maravilhosa confundindo com moradores de ruas que dormiam bem pertinho do sambodrómo, veja bem, ainda não é carnaval. Mas as musas, hoje globais, desfilam seu corpo de drenagem linfática nas escolas de samba e lá do alto já se vê. Nunca seremos iguais a elas. Mesmo que compremos revistas que prometem perder cinco quilos em quinze dias. E bem próximo dali, pertinho de um córrego, famílias lavavam roupas. Sujas? Não sei. E o motorista então falou: imagina só, cara, hoje falei pro meu filho: papai trabalha de domingo, olha só que merda, muleque. E o muleque foi ao jogo, a Leopoldina, ao raio que o parta, ao caralho a quatro, tudo sozinho. Vejam essa maravilha de cenário. Passei no sopão 95, estava ali na frente do Varandella, mas estava fechado. Fui parar em Vila Isabel. Não era esse meu destino, mas a cidade foi se tranformando. Logo, eu também. Como num lote, numa pesca longa de um barco que gera o tédio necessário para o pescador. As curvas eram a perfeita pacificação entre mim e o tempo. Hoje eu dormi tarde, hoje eu comi de manhã. Hoje desceu do ônibus uma mulher com os cabelos feiosos. E eu olhando pela janela vi uma camisinha no chão. Penso como teria sido aquela foda. Logo mais chego em casa, pensei comigo. Passei do ponto, na medida do impossível. Hoje é domingo, estou pela manhã. Quero uma casa em Laranjeiras? Quero continuar acreditando na Tijuca. Passar pelo Grajaú, rodar para achar o contrafilé perfeito. Virar amiga do Moa e me embotecar por aí. Fumar dentro de estabelecimentos que proíbem meu cigarro. Tenho que ir embora deste ônibus. Mas, eu prometo, é só desta vez.

Tuesday, September 15, 2009

Tudo culpa do Pereira

Conheci Pereira na Lapa-Louca e logo vimos que nos daríamos bem, pois ele gosta de samba, da boemia carioca e, além de tudo, é cineasta. Aliás, não consigo dizer isso sem lembrar da querida Julieta Brandão, que uma vez na mesa de bar, num desses inferninhos da Lapa, ouviu alguém dizer que Pereira cantava mal. Julieta, indignada e belíssima cantora, disse bem alto: claro que ele não canta bem! ELE É CINEASTA!

E o cineasta me recomendou assistir a dois filmes: o primeiro, Anticristo. Depois, quarta-feira passada, chegou empolgadíssimo dizendo que Os Amantes era o filme do ano. Resolvi matar dois coelhos numa cajadada só e hoje fui até o Arteplex, em Botafogo, fazer uma dupla sessão.

Às 19:40, depois de um café, assisti ao Anticristo. Eu já temia pelo filme, sabia que era meio macabro, mas, mesmo assim, fiquei curiosa e sempre fui corajosa para tais filmes. O longa conta a história de um casal que, devastado pela morte de seu único filho, se isola em uma cabana, no meio da floresta, onde coisas bizarras - e coloca bizarro nisso - começam a acontecer. O filme é dividido em capítulos e tem uma fotografia muito boa, em destaque, a primeira cena. No entanto, eu tive uma crise de ansiedade horrorosa quando o filme foi chegando ao final. Vi três pessoas saírem no meio da sessão e, juro, quase fui junto. Foi o primeiro filme que me deixou aterrorizada. Não por conter cenas de sangue, que nem são tantas para um filme dito de terror, mas pelo peso psicológico da trama. Fiquei mal mesmo. Até me arrependi de já ter comprado o ingresso de Os Amantes, que ia começar logo em seguida. Saí da sala com uma puta ansiedade e depois de trocar algumas mensagens com minha mãe, me acalmei e fui ao segundo filme.

Os Amantes conta a história de um cara bipolar que aos trinta e cinco anos está morando novamente com os pais e se envolve com duas mulheres. O filme é bom pra caralho, não o melhor do ano, como disse Pereira. Mas ainda estava abalada psicologicamente por causa do Anticristo e entrar de cabeça na história de um cara confuso foi bem pesado.

Ao sair do cinema, fiquei na dúvida do que me assustava mais. Ficar com trinta e cinco anos e virar bipolar morando em casa, ou fazer trilha em uma floresta à noite. Voltei para Tijuca, deitei na cama depois de uma Maracujina, e não consegui dormir. O Anticristo ainda não saía da cabeça. Resolvi tomar uma sopa de pozinho, daquelas horríveis, igual a um filme de terror. Quando estava mexendo a sopa, senti algo no meu pé (estava de meias), olhei para baixo e tinha uma barata IMENSA que logo correu para debaixo do fogão. Devo dizer que aqui estamos sem faxineira há quatro semanas e a casa não se encontra em seu auge, risonha e limpída, como diria nossa musa Vanusa. Dei um grito bem baixo e abafado, pois os meninos já estavam dormindo e fui pegar meu chinelo. Logo, lembrei de Clarisse Lispector, do famoso conto da barata. Encarnei Clarisse, afinal, ali era ou eu, ou ela. Se eu não a matasse, corria o risco dela invadir meu quarto, e eu não estava a fim de dividir emoções com aquele inseto nojento. Ela logo saiu correndo novamente, três tentativas de chineladas depois, acertei-a. Dei mais duas chineladas para me certificar de que a teria matado. Quando vi aquela gosma branca, entendi que tinha chegado seu fim. Meu coração e toda ansiedade voltaram e eu ainda estou pensando se vou até meu quarto dormir, ou se cochilo no sofá da sala, com medo de outra barata. Amanhã devo tirar o dia para limpar esta casa. A barata ainda está ali, mortinha da silva. Matar foi meu máximo, retirar o defunto já é demais.

Estou agora aqui, sentada em frente a este computador depois de ver besteiras no youtube, pensando quantos medos tive de vencer hoje. Foi também hoje que, pela primeira vez, um filme me desencadeou uma ansiedade filha da puta. Eu estou sozinha no Rio de Janeiro. Vivi medos que não sei até que ponto são infundados. Uma barata é perigosa? Posso virar uma maluca de pedra e endoidecer no meio da floresta depois de uma desgraça? Terei eu trinta e cinco anos e virarei bipolar morando na casa de minha mãe? Quais são meu verdadeiros medos? Quais desses aí são verdadeiros?

Sempre tive medo de enloquecer, tenho muita raiva quando alguém me chama de maluca, tenho vinte e seis anos e ainda dependo de minha mãe e sempre, mas sempre, tive medo de baratas. Sozinha, aqui, não pude gritar e chamar alguém para matar. Sozinha no cinema, não tive com quem dividir minhas emoções ao assistir a dois filmes tão intensos. Sozinha aqui, decido meu destino. E agora acho que meu maior medo mesmo é ficar sozinha.

Saturday, September 12, 2009


Último capítulo de Caminho das Índias

Começo me debulhando em lágrimas vendo Tarso, o esquizofrênico, cantando Raul Seixas. Me comove pensar que um dos meus cantores preferidos é sucesso em um hospício.

A novela vai para a Índia. Estranhamente, lá eles também falam português. Maya está fodida, pois descobriram que seu filho é um Dalith, mas ela não foi vingativa e não contou que Surya não estava grávida porcaria nenhuma. Ahhh se fosse eu...

A psicopata Yvone seduz o carcereiro, aliás, esse ator é carcereiro mesmo, né? Bem, ele libera a vilã e ela foge. Fundo musical, LENINE. Clima psicopata mesmo.

A filha de Manuel Carlos mostra a um estranho dois segundos de seu documentário sobre a loucura e ele a chama para ir a Hollywood. Ele é louco?

A família do bad boy Zeca trata da coisa mais séria da novela, que são os filhinhos de papais folgados pra caralho e que cometem pequenos crimes. Acontece que a família é tão engraçada que eu fiquei com vontade de ser escrota também.

Débora Bloch, que antes era feia e aos 45 anos é linda, conversa com Raul. Alexandre Borges, maltrapilho e com cabelos grisalhos, se mostra arrependido com a pegadinha MORRI... É ZUÊRA!!! Se meu pai voltasse falando que era pegadinha também, eu iria adorar. Pronto, falei! Fundo musical: Zizi Possi.

Voltemos à Índia. Tony Peludo e o bebê Dalith se acertam. O bebê teve uma atuação mais marcante do que a de Julinha, a filha de Raul.

Intervalo, vou fumar.

Os meninos que moram comigo chegam. Não dá mais para escrever em tempo real.

Norminha volta à casa de Abel, o corno manso, e o dopa novamente com o tal "leitinho batizado". O corno dorme e os meninos aqui da casa a chamam de vadia. Faço um discurso liberal e antimachista. Eles se calam. Por dentro, penso: jamais perdoaria uma traição. Fundo musical: Calcinha Preta - Você não vale nada mas eu gosto de você.

Opash muda da água pro vinho e, de quebra, ganha uma nova casta ao saber que seu pai é Lima Duarte. Por que toda novela sempre apela para problemas com a paternidade?
Raj e Maya se encontram naquele rio nojento e sagrado e se amam. Eles voltam para a casa e a família se alegra ao saber que ele não morreu. Ok.

Thaila sobe no elefante com Marcio Garcia e eles se casam no meio da rua. Já não basta o mico que é casar nos dias de hoje, precisa ser no meio do confuso centro indiano para a geral ver?

Vou me entediando e os meninos fazem com que eu me disperse de um final de novela para falar, sei lá, de Amélie Polan.

Os pais de Maya tomam "aguada" em comemoração ao aniversário de sessenta anos. É tipo a "ovada" que rola aqui no Brasil. Se fosse com a água do Rio Gandhi, aí eu queria ver se eles iriam rir.

Surya tem uma filha e o irmão de Selton Melo diz não se importar pelo fato de o bebê não ser homem. Mal sabe ele que a criança não é de nenhum dos dois.

O bad boy Zeca acaba na sociedade Viva Cazuza lendo historinhas para a galera de lá. Os pais fanfarrões se orgulham.

Duda, Kiara e o médico que eu esqueci o nome seguem a vida a três. Tipo Caetano Veloso, Paula Bulamarque e Paula esqueci o sobrenome.

Enquanto isso, no site da globo.com:
Stenio Garcia sai no meio da exibição do último capítulo da novela - lá no restaurante Porcão da Barra -, boladão.
Segundo sua esposa, a edição não ABRILHANTOU O TALENTO de um dos mais consagrados atores deste BRASIL VARONIL.
Eu acho que ele deve ter tido uma indigestão no Porcão. Pessoal, esse restaurante, além de ter um nome cafona, tem uma comida péssima.
No entanto, se Glória optou por cortar o Dr. Castanho da trama, fez muito bem. Aquele médico era um saco. Eu mesma já fui a vários psiquiatras e nenhum deles era tão abobado quanto ele.

Juliana Alves, a morena do Dr. Castanho, descobre que o louco, irmão de MUSSUNZINHO (só Glória com sua bondade para dar emprego pra esse pessoal), é louco.
Devo aproveitar, já que estamos falando de Juliana Alves, para dizer que eu acho uma SUPER injustiça relembrarem de Grazi como a única ex BBB não fracassada.
Pessoallll, HELLOO! Juliana também foi uma BBB! Era chata e ninguém gostava dela. Hoje é a maior gostosa e vai posar nua.

Raj e Maya dão beijocas comportadas e FIM!

A novela acaba tarde e meus planos de cair na Lapa morrem. Se eu ainda morasse em Santa Teresa, até rolava. Mas a Tijuca é longe, parceiro...
Os meninos resolvem ir até o Mac buscar comida.
Peço um Maclanche Feliz com água de coco.
Estou com fome até agora.

Não para por aí:
Gente, vem aí mais uma nova novela de Manoel Carlos!
VIVER A VIDA.
WE s2 MANOEL CARLOS.
Novelas leblonísticas me lembram quando eu andava igual louca com meu cartão de débito, tomando sucos BIBI, no Leblon. Eu ia de bicicleta, pedalando pela calçada quase atropelando a população lebloense: magros, cariocas, felizes.
Entrava no Shopping Leblon suada e talvez até fedida e era mal atendida na FARM.
Tudibão!

Bom, gente, agora chega, né?
Vou tomar Maracujina e ler Domenico De Masi - O futuro do trabalho - para me sentir mais cult e menos culpada por ter me viciado em novelas das oito.

Bêjo

Monday, September 07, 2009


Uma das últimas lembranças que tenho sua foi um dia em que eu acordei tarde e você não tinha ido trabalhar. Estava na sala, tomando um whisky, vendo o programa daquela velhinha já meio lelé, chamada Palmirinha. Você lembra uma vez que eu escrevi sobre ela e você achou a maior graça? Eu escrevi sobre o programa a que você estava assistindo, disse que a Palmirinha deve passar o fim de semana num sítio em Itupeva com a família comendo comidas gostosas e tomando sorvete Kibon napolitano junto aos netos. Você achou um barato. Eu não sei se foi neste dia, mas você anotou a receita de esfiha e fez para o jantar. Não me lembro muito bem de nossas últimas coisas juntas. Lembro de estar num curso sobre hai-kai ministrado pela Alice Ruiz, onde eu levava meus hai-kais que só eu acho graça e fingia fazer aquilo na hora. Mamãe ligou e disse que vocês estavam no hospital Santa Catarina, e como meu curso era logo ali do lado, na Casa das Rosas, fui até lá encontrar vocês. Você sentia dor e como a vida inteira a teve, não fiquei tão preocupada. Você estava morrendo e eu não sabia.
O que veio depois é difícil de lembrar, até mesmo porque são nessas horas que o corpo se anestesia de sentimentos pessoais e abre os braços para o lado prático. Lembro de você no hospital. Lembro do Chico levando uma música que ele tinha feito pra você. E eu sei que você era como eu sou, e deve ter ficado tão envergonhado, mas muito emocionado e não conseguiu demonstrar tudo o que se passou no seu coração. Eu odiei quando você voltou para a casa para se tratar aqui. Odiei porque aqui você era o rei e a casa não merecia te ver tão debilitado. E você foi ficando magro e sem condições de erguer a coroa e a capa de super-herói, imagem em que sempre me espelhei. Não demorou muito para você morrer. E eu nem me importei como se sentiria minha mãe e meu irmão, pois minha dor estava me rasgando e o tal lado prático me cobrando, como seu eu fosse obrigada a continuar depois disso, só porque todos continuam e a vida não é fácil pra ninguém. Foda-se tudo isso, foda-se mesmo.
Eu fiquei com medo de todos ficarem com peninha de mim, fiquei com medo de meus familiares acharem que eu ia ficar louca, então eu congelei. E até hoje, eu sei, você não ligaria, mas eles me acham a maior sem noção.
Eu sinto raiva de mim por ser alguém que jamais vai conseguir expressar a beleza que era meu amor por você. Ou então a falta que você faz. Eu me odeio por estar até hoje perdida e odeio quando as pessoas perto de mim adoecem e eu tenho que entrar em um hospital e conviver com pessoas profissionais super acostumadas com a desgraça. Eu não gostaria de respeitar nada disso. Mas eu me calo. E fico me sentindo inútil e fraca por não poder dar meu total apoio às pessoas debilitadas e por ganhar olhares frios e feios de pessoas super dispostas a fazerem o que eu não faço. Eu odeio aquele hospital que você ficou internado, odeio aquela vizinha filha da puta que veio vender cosméticos quando você estava morrendo no andar de cima. Odeio você não estar aqui para me ver e me entender como só você entenderia. Eu não sei se eu estaria mais ou menos perdida. Eu odeio ver meu irmão sobrecarregado, engolindo as mágoas, obedecendo a ordens. Eu odeio ver como a nossa vida rumou para o diferente. E eu odeio não me identificar com nada disso. E eu gostava quando você me contava coisas e nós concordávamos e ríamos, um humor só nosso. E de como as pessoas te achavam inteligente e lhe respeitavam por isso. E de como com você eu podia discorrer sobre tudo que me incomodava no mundo. E de como não tinha importância alguma passar o ano novo sozinha, pois, no dia seguinte, você já estaria de pé, fazendo almoço. Eu amava sua paixão por livros, eu amava sua paixão por cozinhar. Eu gostava de quando você achava graça de meus textos e de sua motivação política. Todas essas coisas hoje continuam sendo fundamentais em mim. Mas perderam muito de seu sentido, sem você aqui.
Enfim, eu tenho saudades e odeio, odeio o jeito como você morreu.

ATENÇÃO, LEITORES DESTE BLOG PATÉTICO:

TODOS OS TEXTOS PUBLICADOS AQUI (DE MINHA AUTORIA), QUE NÃO SÃO JORNALÍSTICOS, SÃO DE FICÇÃO!
SE POR ACASO EU ESCREVER QUE TENHO NOVE OLHOS
E TRÊS PERNAS, SENDO UMA DE CHOCOLATE, POR FAVOR, NÃO ACREDITEM!
ISTO NÃO É UM DIÁRIO DE MINHA VIDA REAL.


GRATA,
LEBASI CROZERÁ

Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça dos artistas que, incitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transformam a massa úmida em pão, e o pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça para baixo, os pés sempre se movendo em sangue e lágrimas, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance que lhe rói as entranhas. (...) Um homem que pertence a essa raça precisa ficar em pé no lugar alto, com palavras desconexas na boca, e arrancar as próprias entranhas. É certo e justo, porque ele precisa! E tudo quanto fique aquém desse aterrorizador espetáculo, tudo quanto seja menos sobressaltante, menos tetrificante, menos louco, menos delirante, menos contagiante, não é arte. O resto é falsificação. O resto é humano. O resto pertence à vida e à ausência de vida.

Henry Miller, porque sem ele a vida seria um erro para mim...

Sunday, September 06, 2009

CHICO MENDES E IRMÃ DOROTHY

Ontem de madrugada me dei bem ao ligar a TV e dar de cara com um documentário que passou na Discovery sobre o Chico Mendes. O filme, de uma hora, mostra o que aconteceu e quais foram os possíveis motivos do assassinato do seringueiro. Chico Mendes foi morto ao tentar propor uma diferente visão de aproveitamento da floresta, fato que fez com que muitos fazendeiros temessem pelo próprio negócio e, mais que isso, que viessem à tona todos os tipos de crimes cometidos por muitos deles, principalmente com relação à devassa ambiental que até hoje acontece na Amazônia.
Chico Mendes morreu em 1988, e sua luta trabalhista e ambiental foi vista por muitos como utópica, já que, há pouquíssimo tempo atrás, ninguém falava em preservação da floresta e consciência ambiental. Chico era mesmo um visionário.
Para quem não sabe, foi o próprio Chico Mendes quem barrou a construção daquela rodovia (que destruiria algumas das principais aldeias indígenas da Amazônia e prejudicaria o trabalho de milhares seringueiros) que o então governo Sarney, ora veja, ele de novo, propôs fazer de Porto Velho até Rio Branco. Na época, Chico foi até Washington, nos Estados Unidos, e sem falar uma palavra sequer em inglês, apresentou um relatório onde mostrava o quão imprudente era o projeto. O banco americano que financiava alguns dos custos da construção (BID) tirou o corpo fora fazendo com que a estrada nunca fosse asfaltada. A luta do seringueiro que já era conhecida entre os fazendeiros locais começava vir à tona na mídia e, com isso, Chico Mendes foi ficando cada vez mais visado. No natal de 88, Chico é assassinado em sua própria casa.
No documentário, é possível ver um pouco dessa e de outras histórias desta nossa importante figura que, de sindicalista, virou um herói nacional. O mais bonito deste filme que vi ontem foram os amigos de Chico contando sobre a vida dele. O cara deixou saudades em todos os tipos de gente: de índios até políticos, sem contar os seringueiros que "devem" a este homem até hoje.

Parte 2

Bom, logo em seguida do documentário de Chico Mendes – Chico Mendes, o preço da floresta -, a Discovery dá continuidade ao debate e transmite um outro documentário de um diretor americano chamado Daniel Junge, narrado por Wagner Moura, chamado "Mataram Irmã Dorothy". E eu que já estava completamente emocionada depois de ver o documentário do Chico, fui às lágrimas com a história de Irmã Dorothy.
Lembram que no começo do texto eu disse que lá na década de oitenta a preocupação ambiental ainda não era tão latente? Pois então. A história de Dorothy vem até os dias de hoje. A norte-americana se naturalizou brasileira quando veio ao nosso País nos anos 70 para fazer obras de caridade na Amazônia. E, por lá, resolveu ficar. Dorothy, após alguns anos de vivência na floresta amazônica, criou o PDS - projeto de desenvolvimento sustentável -, que propunha implantar na Amazônia um modelo de assentamento rural que não destruísse a floresta. Como Chico Mendes. Dorothy também passou a chamar atenção dos mesmos crápulas que mandam na floresta há anos e que jamais gostariam de ver o modelo de ocupação, do qual eles dominam, mudar.
A freira foi assassinada em 2005. Fazendeiros locais foram os mandantes do crime. O filme mostra toda a trajetória em busca de justiça no caso. Para quem é advogado, uma aula de como defender seu cliente por mais nojento que ele seja. Assim como o Advogado Américo Leal faz. Américo Leal é famoso no Pará em defender fazendeiros locais. As filmagens mostram como ele e seu bando trabalham. Ameaças de morte, arrogância, mentiras fazem parte de sua técnica para convencer o juiz de que Dorothy era uma violenta americana que apenas espiava o Brasil e mandava informações aos EUA para que assim eles pudessem, mais tarde, tomar a floresta. Parece piada. Ver o tribunal de júri, então, uma aula de teatro. Parecia que o diretor do filme tinha contratado atores para encenar tal cena, mas ali era tudo verdade. Nem vale a pena contar o que vinha na minha cabeça enquanto eu olhava aqueles advogados reunidos, rindo, arrogantes, comentarem o caso.
Fico aqui pensando que tamanha impunidade, no caso de Dorothy (o mandante do crime aguarda julgamento em liberdade), e o assassinato de Chico Mendes apenas nos mostra que nada mudou. Ganhamos uma pseudo e muito capitalista preocupação com o meio ambiente dos anos 90 até hoje, mas não tiramos do poder fazendeiros criminosos que executam pessoas que tentam fazer justiça. Que destroem a floresta para transformá-la em pastos e que exploram trabalhadores locais que são obrigados a acabar com sua forma de sustento que é a floresta.
De que adianta a mídia se embrenhar em campanhas para que nossa floresta não seja destruída, se ninguém ousa lutar contra aqueles que a destroem? Ao pensar na Amazônia, logo pensamos em uma floresta onde a única preocupação é o verde. Nos esquecemos que lá existem milhares de pessoas, trabalhadores que convivem diariamente com essa máfia de fazendeiros, enfim, pessoas que estão morrendo junto com a floresta.

E aí? O que vamos fazer?

Chico mendes: um novo começo




Irmã Dorothy



Américo Leal, o cuzão



Mandante e assassino durante o julgamento do caso Irmã Dorothy

Thursday, September 03, 2009

Clique na imagem


Um risco de memória na parede. É a saudade me matando. Hoje ela me matou. Amanhã também me matará. Morrendo, todos os dias percebo quantas vidas eu tenho e quantas-minhas-vidas preciso matar para estancar a saudade.

Um, dois, três riscos. São os anos em minha vida, correndo veia. Delicadamente arrependido. O outro lado das coisas outras de meus poréns.
Quanta coisa nossa esmirilhando no percurso. E eu aflita nunca pensaria. Pensarás agora? Flor, flor, flor minha. Onde andas são cabulosos entrelaços inacabados. Oi. Sempre um ou dois olás e ficaremos são. Todos.

Wednesday, September 02, 2009

Carta aberta a Oscar Filho

São somente 4:19 da manhã.
Finalmente eu havia conseguido conectar o wireless daqui do hospital São Camilo, no bairro de Santana City meu amorrr. O Orkut estava lento e sem nenhuma novidade, assim como a página da UOL e da globo.com. Resolvi twittar e recebi um convite para adentrar ao facebook, fazendo com que assim meu perfil seja exposto, messssmmooo, de todas as maneiras possíveis, na internet. Resolvi não aceitar o convite pois estou em uma conexão não segura aqui no hospital e meu bom senso, que definitivamente não costuma funcionar de madrugada, deu sinais de vida. Com o tédio e o calor do quarto, mais os gases e minha rinite me incomodando, resolvi ir atrás de blogs, onde a conexão não precisa estar a mil para dar uma lida no que pessoas que eu nunca vi na vida escrevem. Não pergunte por que parei em seu blog e olhei a foto de um nariz que lembrava o do meu irmão, quando levou um golpe de judô e o quebrou. Naquele dia, ele me ligou, muito calmo, e disse assim: Bel, você pode subir a rua para me entregar um passe de metrô que está na minha gaveta? E eu: ahh, Chico, nem fodendo... acabei de sair do banho, compra o passe aí, pô! Então ele disse timidamente: é que eu quebrei o nariz... e eu: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! Claro que neste dia eu tirei uma foto do nariz dele, e se parecia muito com o seu. Resolvi ler o acontecido, a odisséia nasal, e não me aguentei vendo as fotos e os comentários e, sabe, minha risada é um tanto escandalosa e eu acabei acordando minha mãe, que está internada, pois quebrou o joelho sendo atropelada por um cachorro. A enfermeira também reclamou. E eu me senti culpada por estar rindo alto em um hospital. São 4:37 e obviamente que a conexão caiu de novo, fazendo com que eu coloque minha camiseta do Timão, e vá fumar um cigarro lá fora. O Corinthians, como você bem deve não saber, fez 99 anos ontem e nós, torcedores, resolvemos sair de camiseta do time para homenageá-lo pela data. Como eu não tomei banho e nem sabia que teria de dormir aqui hoje, usarei de novo a camisa.
Bem, como já disse anteriormente, minha conexão caiu e eu não poderei mandar esse e-mail a você em tempo real. Mas não tem problema. Aliás, ele não tem a mínima importância. Eu tenho ataques de tédio e faço esse tipo de coisa. Escrevo para quem nunca vi. Isso me fez lembrar das revistinhas da Mônica, onde no meio das historinhas tinha os passatempos e nomes de pessoas para você se corresponder e fazer amiguinhos por cartinhas. Certa vez, eu mandei uma cartinha para uma menina que vi em uma revistinha velha da Mônica. Ela me respondeu que ficara encantada com minha atitude, mas que já tinha vinte e cinco anos e não queria mais brincar de cartinha. Nunca entendi isso. Eu hoje tenho vinte e seis e, pelo visto, ainda brinco. Ah, e se me lembro bem, esta mesma revistinha, minha mãe devolveu ao pessoal do Maurício de Souza, pois ela se tornou muito rara após um incêndio nos arquivos monicais e eles enviaram um pedido de doação. Não sei por que minha mãe fez isso. Penso eu que ela imaginou que eu seria uma menina bem sucedida e que nunca iria querer super valorizar a revistinha em algum sites desses de venda para poder ganhar um trocado. Certamente o que eu faria hoje.
Acho que é só. Na verdade é muito mais, mas você e seu nariz esquisito já não têm mais a ver com isso. Obrigada pela oportunidade de rir.

PS: Os enfermeiros passaram pelo corredor agora fazendo barulho de trenzinho (?), são 4:49. Acho que vou me vingar e mandar um shiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

Abraços
Bebel Crozera

Thursday, August 27, 2009

Temprório

Estravio reboem custos cazos assais
Trouxa leve rouca pira
Maço abruzus de mi trova
E tantras otras lixus inham
Também te conto
Avres vroam em libres
E o céu azulzin
Corre, do auto de meu varanda
Veja cortar avanços créditos e vinténs
Mudos
Mudos
Sonhos tortos e escudos
Vienhem corriem e alimentaime
Amém que diria
E muitos obrigadinhas, você linda hoje
Você cama amanhã.
Entre traçus e marcas onzes
Fiz de mim o que pude
Quem me puderá?

A fracção pediu cautela
Frases correm a brincar
Eu lhe pectum num pacto doido
Retire-me de mim
A alma toda e livre
Levre louva


Quero ser artepuctrum
Falso modesto e ornitorinco
Gangorra parte um
Gira amor
Giram em meu abruzum
E eu lhe devo um beijo,
Na ponte

Atravessa o caminho magno
Trivial e era um te enlaçando
Crise croisas
Baluns ao céu mais quente
Inferno faz só lá si do
La em cima.

Criva, meu peito arde turctum
Seu neto arde turvo
Crivus, adelante vamos todros
Tempus assim.

Wednesday, August 26, 2009


TOME NOTA

-sobre lutadores-

Um homem num copo de uma mulher que sentada via vidinhas passarem, sorrindo vidinhas entravam no túnel e o tempo ia também. Cansadas algumas e já não se pode mais aqui, o que se podia antes. Os cenários ainda não mudaram, mas os precedentes já eram. Somos hoje outros, malinhas lacradas rolando na esteira do saguão cheio de máscaras, num aeroporto qualquer, assim, que o destino, esse meu caro, já não importa.
Um homem num copo de uma mulher, ela bebia. Um homem sem armas e a mulher sorria. Um homem dentro de seu copo, tim-tim com seu drink preferido. Serei eu equivalente aos meus desagrados? Um homem lutando para ser ele, dentro de meu copo. E eu querendo fazer uso das piores bebidas locais. Um túnel chamado tempo e uma mulher sempre jovem já mais velha. O tempo andando. Faz o tempo àquela corridinha matinal no parque. O tempo esta em forma e um homem na bebida daquela mulher que saia para fumar na chuva. Hoje esta assim. Amanhã não esta assim. Estará, estará. Uma mulher num copo do homem, não é mais tão bonita, aflita.

Eu não pulo de um trampolim, nem faço mágicas com uma cartola. Não tenho escritório, não tomo nota, não dou aula. Eu não faço música, eu não cuido de animais eu não sou assistente social, jornalista, advogada. Eu não estou desempregada. Eu não estou aqui. Fui fumar na garoa paulista e fria e os olhares dos não fumantes estão agora com a lei ao seu lado. Me desculpe, sou horrorosamente viciada nesta merda. Com cerveja então, me torno um monstro de fumaça.

Um homem no copo de uma mulher lusitana. De uma mulher fracassada, de um sentimento verdadeiro. Você é o meu amor, o meu amor dizia ela ao copo. Um corpo de uma mulher arrastada. E era o tempo dando corridinhas no parque. Eu fumando sentada vendo a mulher; o tempo, o nada, os corpos, o copo. Olhei pro meu também. Porque já me sinto velha? Tinha eu quantos anos quando a juventude chegou ao seu auge? O que eu estaria fazendo de tão importante que nem senti esse momento passar? Provavelmente estaria sentada vendo os corpos, o tempo e suas corridinhas, o riscar de uma tarde na Avenida Paulista, indagada, cheia de dúvidas, por onde seguir. E hoje eu ainda os invoco: copos, os corpos o tempo, maldito corre-corre do tempo. Esta forte e é maligno e meu auge esta correndo sem ar, sem ar.

Um homem pulou para a vida e então seu coração parou. Uma mulher se esfregou num poste, tirou as roupas e ninguém mais olhava. E tudo isso regado a muita solidão. É o que acontece quando os olhares ganham valores. São valores moldando uma nova era. E o tempo fazendo suas irritantes corridinhas pela manhã, pela tarde, pela maldita noite a fora de meu tempo. Enquanto milhões de mulheres dançam e tiram a roupa. E na mesma dificuldade, homens assistem. É o que acontece. É o que acontece.

Um homem num copo de uma mulher que vira todo o drink, agora é um corpo vazio.