Thursday, August 28, 2008


Escorreu a vida pelas ondas de tinta da parede mofada que tinha uma goteira. As gotas eram sempre que chovia, para nós, um anuncio de mudança. As gotas, de va gar, divagado meu pobre entendimento diante de todas as totalidades previstas. Estourei um balão porque não suportaria a dor de vê-lo murchar e das cinco meninas, saíram cinco caminhos absurdos, indiferentes. Talvez lá na frente um ou dois, estariam cruzados, quem saberia? Destinos, destino. Pegou o sabor de uma framboesa e compartilhou aquela estrelinha de carambola rumo ao mar. Sentou-se na areia, coisa fina. Abriu os olhos pro céu azulzin de delicias e saudades deixadas e concluiu que foi mesmo muito importante caminhar. Contou com pessoas importantes e outras já nem tanto, aquelas que sabíamos que jamais iriam nos acrescentar em nada. E simplesmente sentiu falta de quem rumou sem dizer adeus. E tentava correr atrás de quem levava a mala para dar um passeio. E isso a preocupava muito. E se tiveres rancores na bagagem? Jamais se perdoaria de novo. Queria trocar os volumes. Queria colocar esperança mais ainda não sabia como manter a continuidade real das coisas.

Por outro lado mantinha uma vida reboem-delírios e sentia saudades das conversas com as amigas mais recentes, aquelas conversas malucas que se dão quando dois cérebros ligeiramente desequilibrados se encontram; queria lhes contar sobre o amor. Sobre sua nova casa, sobre sua barriga crescendo vida. Mas ainda não tinha nada com isso. Só um coração alimentado de sonhos e dores de saber que o homem ainda tinha outro status, o degladiante coração, bomba explosiva do meu maior alicerce poético. Pensava com ela mesma. Depois se olhava no espelho e concluía. Quem seria sua amada? Moraria longe, de certo moraria. Faltava um avanço de corpos, faltavam abraços. E ela também tinha a mesma queixa. E também muita vergonha de perguntar a ele se ele gostaria de ser um pouquinho triste e um tanto feliz junto dela. Se ele queria alugar um filme e se entreter no meio do cobertor para rir e se emocionar. Se ele queria andar no frio, suar no calor, pegar estrada, brincar com o cachorro. Mas se mantinha emocionada, se mantinha calada. A boca abria para sorrir quando ele lhe sonhava poesias. A vontade dela era desmentir os poetas, e assim, tornar verdadeiro, todos os gestos de amor.

Palavra; a moça queria engolir o mundo, mas o mundo veja só, entalou na garganta. E era tanto mundo para tão pouca garganta que volte e meia a moça ficava sem ar. E as muitas coisas que estavam pela metade, pela metade continuariam?
Não sabia o jeito de resolver a esse problema de querer ser tudo. Mas vivia sendo e cortando.



Por fim:

Dedico todos os meus delírios,
Fossas, abismos a quem possa vivenciar.
Se a caso, seu passo singelo testemunha intrínseca possa nos ver,
pule o muro.
Saltite meu passarinho
Não vooe ainda.
Primeiro aprenda a cantar

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