Wednesday, July 30, 2008

"Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa."

Rilke,sempre me emocionando...e mais e mais
É totêmico, já diria a Lu.
A gente tetra, depois penta, concluimos nós outro dia em pleno samba frio regados a Seletas e cervejas de latinha. Tinha uma senhora da velha guarda que olhou pra gente e disse; eu era assim! E a gente se olhou, achamos graça e falamos; que bom! Vamos então ficar igual a senhora!
E tinha uns amigos do Rio.
Daí a Julinha ficou rodopiando com o presidente.
E o Pedro ficou inventando palavras novas.
A Mari de luto tomava sua Absolut. Em silêncio.
E eu, bem eu ficava procurando alguém que nunca vai chegar. Assim mesmo, sem poesia.

Depois fiquei com o Paulinho da viola na cabeça:


Mais não se pode dizer
Nem eu, nem ninguém
Você é quem deve colher
Depois de semear também
Você é quem pode rasgar o caminho
E fechar a ferida
E achar o seu justo momento
A razão de tudo aquilo que chamamos vida

Vamos lá, deixa o coração
Recolher os pedaços do sonho perdido
Essa é a lei nos caminhos
Onde a ilusão e a dor
Fazem parte do primeiro artigo
Traços comuns em nossas vidas
Não justificam um conselho sequer
E logo eu, que procuro
Infinitas formas de amar e viver
Posso apenas declarar que o medo
É que faz a nossa dor crescer


Poeta desgraçado fodeu minha cabeça, nem pagou indenização.
Mas vai pagar o enterro, porque aqui estou eu, morrendo de amores.
De poesia. Esperando a sublime primavera...vai chegar.

Monday, July 28, 2008


Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

Friday, July 25, 2008


Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.


Poeta,achei aquele poema guardado teu.
Como é bom...

Você tem trinta e um nomes. Trinta e um e noventa. E foi assim que eu aprendi a escrever nossos números. Foram vendo as fábricas trabalharem tensas de solidão. Foram 499 antídotos como bem relembrou uma doce amiga de alma volumosa. Dias de prata, eram comuns para aprender sobre os números. As tentativas nasciam sobre mim, sem força alguma. Iria ver sempre ao por do sol contigo. Mas a vida é um mistério e um dia você foi para não voltar. Você tem trinta e um motivos para não retornar e uma vida que te necessita. Você foi quem deu a maquinaria. Quem me soprou a vida e eu te queria por perto, mas cortamos as raízes e o tempo custou a cicatrizar meus pés sem asas que lançados a uma altura absurda, rendeu-se a voar. Tenho hoje, meu pai, trinta e um objetivos de vida e alguns poetas que me salvam quando eu anoiteço me lembrando do dia que vivi. Não posso ceder a mais pura vontade de sair vivendo por aí.
Tenho reparado, todos perdidos. Felizes? Não. Tenho reparado um monte de coisas lindas, sujas e você. Você moleque de asas quentes, algum mistério guarda para me mostrar no final da estrada. Quero ver? Você saberia melhor a resposta, não? Ofendi valores de uma menina que tinha o sorriso mais encantador que conheci. E um certo dia ela voltou para me dizer que eu estaria perdoada.Eu sorri com muita sinceridade, mas ainda estou me desculpando. Desejo a ti, menina-sorriso, que teu brilho nunca se apague. Desejo a ti, tudo em dobro e sei que um dia nos encontraremos mais satisfeitas com a vida.
Um outro rapaz que notou minha existência era um que há tempos me chamava atenção. Mas em tal momento, que é o atual, eu não aceitei. E ele era doce, um encanto, mas não via portas abertas como vejo de você. Tenho trinta e um amores, tenho trinta e uma derrotas. Motivos. Complicações de se ter trinta e um problemas. E quero de você trinta e um abraços sinceros, sem motivos aparentes. Só o coração deve sucumbir ao medo? Quem vai pagar por isso, se não nossas almas que almejam tanto as poesias de amor? Tenho trinta e um contos guardados e trinta e umas. Tenho trinta e uma formas de te querer. E noventa.

Tuesday, July 22, 2008

Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão
Não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Traz alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fugaz
A gente tem que conquistar

Por que se negar?
Com tanto querer?
Por que não se dar
Por quê?
Por que recusar
A luz em você
Deixar pra depois
Chorar... pra quê?


O mestre sempre sabe o que diz, acho que ele nunca vai errar...

-Pior que a morte é desviver

Wednesday, July 16, 2008

sómefodo.com

Todos os homens que passam pela minha vida existem. Já você, tem a terrível característica de não existir. E quando a gente conversa, eu fico com vontade de atravessar a rua e te encontrar no bar da esquina, abrir uma cerveja e sentar na sua mesa e mais. Mas você não existe. E quando me conta das coisas engraçadas e das piadas que só nós e um pequeno grupo de pessoas entenderiam, a gente se sente estupidamente especial, e é igualzinho para os dois. Mas o que não é igualzinho para os dois é como eu te sinto. E eu ando preocupada com esse sentimento. Fico imaginando tudo. E por você não existir, fica tudo mais fácil no meu coração azedo. E eu te conto coisas chocantes, e você com muita força diz pra mim que é isso aí. E eu te conto coisas para te chocar mesmo. E você me conta coisas doces, coisas lindas para que eu me apaixone por alguém que nem existe. E você me mandou uma música linda do Paulinho da Viola e dedicou a pior parte dela para mim. E agora eu me vejo escutando ela e rindo de você. E você nem ao menos, me procura para existir. E quando esta falando comigo, fala comigo horas e nós nos sentimos bem e tiramos um sarro, mas porque não fomos a diante?
Quando eu fui viajar, te comprei um presente ridículo, daqueles que nós, metidos a intelectuais adoraríamos chacotear. E ele é um presente que não vale nada. Mas valeria como desculpa para eu te ver. Mas você, meu bom, você esqueceu de existir. Talvez porque existir tudo que se moldou entre nós seja tão lindo que você tenha medo que se torne real. Talvez porque eu não te conheça de fato e esteja lidando com um maluco que abre caminhos para um novo acreditar e na verdade esta com outra mulher alegre e tirando uma da minha cara.Talvez porque eu fiquei maluca de vez e acreditei na sua existência. Mas eu detestaria acreditar nisso. E já que você não existe, quero acreditar no melhor de você. E já que você não existe, quero que me prove porque faz tanta diferença quando não esta. E para finalizar, já que você de fato não existe, porque esta sumindo tão devagar?

Mais um vez, somos vítimas desta classe( média) artística que ao protestarem, só jogam mais merda no ventilador


Foi-se o tempo que a classe artística, era também representante da classe intelectual e política deste país. Hoje em dia, temos que nos deparar com Regina Duarte indo para a televisão dizendo que tem medo, ou então, engolir um bando de famosos acéfalos, "se organizando" para apoiar o CANSEI. Aliais, alguém se lembra disso? Foi tão marcante que me esqueci. Mas era uma mistura de João Dória Junior com Hebe Camargo tentando falar de impunidade,se aproveitando de uma tragédia de avião, veja bem, logo quem.

Se não bastasse isso, hoje lendo o site globo.com me deparo com uma notícia um tanto quanto curiosa, a manchete era: Tico Santa Cruz lidera movimento de protesto no BlogLog. O Bloglog é um blog do site globo.com, onde muito artistas (de maioria global), postam suas futilidades para agregar mais lixo e imbecilidade na internet. Tico Santa Cruz, ficou mais conhecido quando seu amigo e guitarrista de sua banda, Detonautas morreu estupidamente em um assalto no Rio de Janeiro. A banda que nunca tinha tido muito êxito musicalmente, ficou a partir dai, em evidência pela revolta de Tico, que se tornou um cara digamos, preocupado com o mundo de hoje. Antes disso, nada parecia importar. Suas músicas eram odiosas, tocadas nas rádios graças aos jabás de sua gravadora, as letras nada diziam de importante e nem qualidade poética tinham. O fato é que Tico, sempre gostou de escrever em blogs. Reza a lenda que a banda dele, até se conheceu em um bate papo via internet. (Pausa pro nariz crescendo e para a vergonha alheia,uhmm ok.) Enfim, Tico em seu BlogLog, pede para todos os engajados artistas globais que também protestem contra o presidente do STF, Gilmar Mendes, que liberou o banqueiro Daniel Dantas.
Em seu blog, podemos ler um post falando de como o caso se desenrolou.Reparem o final do texto:..." CASO esse CASO venha a terminar como outros que acompanhamos, devemos então decretar um estado de exceção OFICIAL, onde a Constituição e os direitos de todos os cidadãos brasileiros devem ser rasgados e jogados nesse lixo imundo..." Mais uma vez políticos não são presos, mais uma vez a justiça parece falhar. Até aí, tudo bem. Nada contra um cantor de meia tigela que nunca fez nada para repensar nossos valores, querer reclamar do país que vive. O mais interessante da história é que descendo a página do blog, Tico coloca uma lista de endereços dos blogs de artistas que aderiram ao protesto. E aí meus queridos, começa a parte esdrúxula da história toda.

Abri o Blog de Suzana Werner, alguém lembra dessa? Modelo, atriz, casada com jogador de futebol. Bem, Suzana, escreveu exatamente essas palavras em negrito no seu sitio;" Fim da Impunidade! Faço parte desse protesto e quero ver um Brasil melhor para meus filhos. Valeu Tico! Vale a pena a conscientização. Bjs!" E logo em seguida a "atriz" da continuidade ao seu post sobre seu aniversário com frases do tipo; ..."Os taxistas trabalharam muito naquele dia HAHAHA..." tudo isso ilustrado com fotos da loira sorridente em um buffet de luxo carioca. Seguindo nos blogs que "aderiram" o protesto de Tico, estava lá Thiago Rodrigues; um grande ator merecedor de todas as novelinhas que já fez. Thiago, mais indignado que Suzana escreveu assim: ..." Ontem, ao assistir o Jornal Nacional, eu fiquei chocado. Engraçado é que as pessoas ainda se chocam com essas sacanagens...
Conversas sinistras desse Pitta com os mano doleiro e tal..." Os três pontinhos finais, ficam por conta de Thiago mesmo, ele não conseguiu explicar melhor o caso Pitta(a operação Satiagraha) e contou da vez que o encontrou num vôo. Disse que Pitta não conseguia olhar na cara de ninguém, de vergonha. Ora, seu eu fosse o Thiago também não conseguiria hahaha. Pitta é um bosta. Mas o Thiaguinho atuando é o que? Enfim.
O que eu queria dizer com tudo isso, e me desculpem escrever mal assim, é que toda e qualquer reparação que essa classe política,que essa classe média faz, é completamente nula aos olhos dos mais interessados.

Meus queridos, vocês não tem noção nenhuma do que escrevem. Vocês são a contradição em pessoa. Querem falar de impunidade? Que tal, Tico falar de jabá na MTV, rádios, canal Multishow. Quer falar de impunidade Thiaguinho? Bom, comece na empresa em que o sr trabalha. Vocês não passam de contribuintes para essa baderna toda e ainda querem passar um pano, pagando de revoltadinhos? Não consigo engolir. O que vocês fazem pela política e bem estar de nosso país? Reclamam! Protestam com a bunda na cadeira diante de seu computador, depois são pagos para irem a festinhas e serem capa de revistas de fofoca. E o discernimento nisso tudo? E quanto a manipulação, emburrecimento que o trabalho de vocês geram? E o fortalecimento que os grandes canais de televisão dão para o consumo? E o que vocês estão fazendo contra isso? Não me venha falar de protesto, vocês nem sabem o que esta palavra significa. Não me venha falar em repúdio político, vocês não tem esse direito. Não tem mesmo! Como é que pode uma mulher escrever algumas palavrinhas da qual ela nem sabe do que se trata e nem explicar o por que daquilo e ainda ter a pachorra de dizer que precisamos de conscientização!? Vocês entendem o grau de ignorância? Qual foi a importância que Suzana deu a tudo isso?.
Quer saber, ta ligado aquela nave que a gente tem vontade de mandar todos os políticos de merda para outro mundo? Vocês tem lugares garantidos nela também.


Quem quiser conferir os blogs que aderiram ao protesto de Tico Santa Cruz, acessem o blog do cantor: http://bloglog.globo.com/ticosantacruz/

Monday, July 14, 2008

Tudo o que mais nos uniu separou
Tudo que tudo exigiu renegou
Da mesma forma que quis recusou
O que torna essa luta impossível e passiva
O mesmo alento que nos conduziu debandou
Tudo que tudo assumiu desandou
Tudo que se construiu desabou
O que faz invencível a ação negativa

É provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois tudo é instável e irregular
E de repente o furor volta
O interior todo se revolta
E faz nossa força se agigantar

Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar




Dudu Gudin, degladiador de cabeças sem nexo

Saturday, July 12, 2008


Seguiu-se para um viaduto que jamais iria parar em outro lugar do qual eu não pertencia. Seria difícil dizer o que se passava. Cabeça vazia é uma fábrica de sonhos da oficina do diabo. E o viaduto não acabava. Pedi para que parasse tudo, arrumei minhas coisas e me mandei dali. O outro espaço, foi sui generis. Conheci um céu, todo dia igual, todo dia diferente. E eles se encontravam no mar... E eu respiraria aliviada de amor, suando. Parou de ser úmido e ficou bastante frio. Ainda por cima, era feriado. Trombei um cobertor que me aqueceria e algumas roupas velhas que eu jamais colocaria de novo, se não fosse aquela ocasião. A ocasião contava muito, era eu, você dançando infinitamente. Mas estava tudo tão gelado enquanto eu rodopiava...E eu, rodopiei tanto que cai zonza, sozinha. Você estaria ali, assustado. Quem seria essa moça que dançava? Eu do chão te pedia; não tenha limites, não tenha nada para segurar seus medos. Mas era eu, tão insegura que estaria com medo. E o medo me fez feliz. O medo me fez renascer. E lá de longe, se alguém viesse me perguntar o que houve, eu jamais contaria a história toda. Toda louca historia da moça que girou sozinha em frente ao rapaz. O rapaz também fugia as regras. Parecia que nada iria detê-lo. Mas a armadilha, ele próprio, foi quem fez e caiu com receio. Olhava desconfiado e cheio de nostalgias, cheio de canções. E me contava distante, tudo que se passava. E me provava diariamente, que também não era deste mundo. Tinha eu, achado um habitante de meu reino. Estava na estrada, virando o viaduto já sem esperanças de encontra-lo. Pois quem veio, a muito já foi embora, e em todos se transformaram. Estava ela desolada, perdendo o cabo de guerra, sem forças. E o rapaz mostrava que tinha braços fortes, mas se duvidava se gostaria de ajuda-la. A moça ficou lá se esforçando. E sabem, bem...Ela esta até hoje ali.