Monday, February 25, 2008

...vamos brindar o cansaço, meus amigos vamos brindar o cansaço
esse é o prêmio pra vitória do boêmio...
-Candeia





Quantas loucuras e uma mulher de fusô preto e blusa branca estilo hippie com chinelas brancas também, ascendia um cigarro. Vestida de óculos escuros, animada com a chuva que caia e revendo velhos amigos que saudavam num misto de tristeza e alegria, naquele velório. Tinha um bebê que dava continuidade ao mundo. E muitos cigarros e cocas para que não comeu o dia inteiro. O choro, cheio de lágrimas e abraços sinceros. E más lembranças de uma turma que não acordou para ir até lá.

Os olhos de Paulinha revelavam um cansaço e também refletia o tamanho infinito de seu coração. E ao seu lado uma amiga que sempre, sempre eu sei que vou poder contar. Ela é tão linda e pequenina, mas tinha óculos pretos bem grandes e me deu um abraço quando as lembranças de velório passaram por mim. Eu lembrei de todo sofrimento que vivi. E isso me fez chorar; saber que Laura também vai ter dias de dor. E mais um longo processo de sei lá eu o que, do qual não se escolhe, mas se passa. As outras amigas queridas também estavam lá, e o dia parecia estar triste com tanta gente que chorou no pequeno espaço cinza. A imagem que não vai sair jamais da alma. Dei um abraço apertado e merecido. Pedi forças, e que Deus ilumine a todos que nele acreditam.

Depois dormi com os cabelos alisados, num sono profundo sem ter tempo de acordar antes para sair num sábado à noite. Despertei de madrugada num calor de voar dali, mas o corpo não estava mais ligado. Chegou o domingo e tivemos um almoço em família. Daqueles que tínhamos quando você era vivo e gostava de cozinhar. A gente deve muito ao mundo. Deve aproveitar, deve viver cada segundo, deve isso, deve felicidade, deve agradecimento, deve, deve sorrisos, deve dinheiro. Porra nenhuma. Vou sair dessa, devendo.

Devendo uma faculdade, devendo um diploma fodido, um emprego de status, um carro zero e um marido incrível, um casamento feliz, um cachorrinho filhote. Vou ficar devendo aos meus cabelos brancos. Prefiro ir pegar micose na praia. E dever uma alimentação melhor a mim mesma. E que em minha busca, eu nada tema em dever, nem me culpe por não aproveitar. Sei que sempre dei meu máximo. Muito também é falta, assim dizia o samba rasgado, enquanto eu sento em frente ao fogo e com a brasa mais fraca, ascendo à vida.

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