Friday, February 29, 2008

Eu vou te contar que você não me conhece
E eu tenho que gritar isso
Porque você está surdo e não me ouve
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você permanece comigo
Mas preso ao que eu criei e não amei
E não a mim
E quanto mais falo sobre a verdade inteira
Um abismo maior nos separa
Você não tem um nome e eu tenho
Você é rosto na multidão
E eu sou o centro das atenções
Mas há mentira na aparência do que eu sou
E há mentira na aparência do que você é
Porque eu não sou o meu nome
E você não é ninguém
O jogo perigoso que eu pratico aqui
Busca chegar no limite possível de aproximação
Através da aceitação da distância
Ou do reconhecimento dela
Entre eu e você
Existe a notícia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada
Me denuncia e te espelha
Eu me dilato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com a as quais você me veste.

[Fauzi Arap]
Tem uma música do Raul Seixas que diz assim:..."quando acabar, o maluco sou eu!"...
É bem por aí, não?
Tem gente que se dá muito bem ao ser chamado de doido, faz de tudo para aparecer um. No meu caso, eu fujo disso a toda hora,mas acabo sempre ouvindo um comentário ali,outro aqui que sou meio "maluquinha", como diz a Zélia.

Tá certo que na adolescência eu não estava nem aí,e queria mesmo é que todo mundo se fodesse. Mas os anos passaram aumentando minhas inseguranças de mulher. E a culpa de não me encaixar em várias situações, sempre caia na minha cabeça. Como se o porque de tudo, fosse apenas por eu ser "doidinha".

O mais louco (e isso sim é louco) é que eu vejo as pessoas ditas "normais" fazerem as maiores doideiras do mundo, transgredindo coisas que eu jamais faria. E o mundo acha normal. Mas no meu caso, basta eu falar uma frase, que já me olham com um sorriso de dó, indignação tudo coberto com uma frasesinha maldita: ..."ah Isabel, só você mesmo"...

Talvez por isso, eu dê tanto valor para os meus amigos. Pois eles sempre me respeitaram como sou, pois sempre numa situação dessa, jamais iriam sorrir desconfortávelmente para mim. Pelo ao contrário; mesmo eles sendo totalmente diferentes de mim, sorriem concordando com minha visão, ou descordando, mas jamais rindo com ironia e pensando; ai, ai, que mina louca.

Tem dias que eu gostaria mesmo de ser "normal", dai vocês podem pensar, mas o que é ser normal? Ah meu povo, quem não é, sabe quem é. E quem é, acha que não é. Por isso tentam essa filosofia barata. Eu gostaria de ser vista como alguém normal, mas no fundo sei que esta glória não é minha. E talvez, um dia eu aceite essa idéia de ser maluquinha mesmo para os outros. Mas não vou negar, isso me incomoda.

Outro dia um conhecido meu disse; ela é doidinha MAS é legal. Prestem atenção na frase, o MAIS fala por si só, não? Na cabeça dele, isso foi uma forma bacana de elogio. Na minha, foi uma frase totalmente sem nexo. Mas claro que nesses casos eu não vou a fundo nisso tudo. Não vou por a pessoa na parede e perguntar porque ela me acha doidinha. Porque eu sou toda tattooada? Por que falo sem vergonha de todos os assuntos? Por que ser moralista esta longe de ser quem eu sou? Sinceramente, eu não entendo messssmo. No fim, acabo sendo uma pessoa engraçadinha. Maluca, MAS legal. Eu gostaria de um dia, pelo menos ouvir que eu sou "doidinha E legal" hahahaha, seria mais justo, não?

Monday, February 25, 2008


Tenho sido amante das madrugadas, das probabilidades, das estatísticas cruéis. Tenho andando com perspectivas anônimas, recursos sem pilhas, vontades ao léo. Tenho vivido ao meu bel-prazer, como se já não bastasse, é esse meu nome. Tenho me apaixonado pelo impossível, entrando e saindo do coração de homens corajosos. Bons de luta. Tenho vivido o medo do raio. Como e anseio dias lindos onde encontro a minha felicidade no fundo do mar e me banho na borda para que a razão não limite meu sucesso. Tenho esbanjado sorrisos e feito muito gente chegar a conclusão que é o máximo. Tenho dado meu máximo. Tenho a conquista do muro para rachar. O carinho escondido a força macabra e o encanto pelas coisas esquisitas que fazem meu coração bater feito ouro em mina. Tenho saudades da Guanabara, tenho raízes no centro. Tenho feitos dias quentes quando só chove ao meu redor. Tenho um plano, tenho um milhão deles. E uma alma lotada de intenções sem fim.
...vamos brindar o cansaço, meus amigos vamos brindar o cansaço
esse é o prêmio pra vitória do boêmio...
-Candeia





Quantas loucuras e uma mulher de fusô preto e blusa branca estilo hippie com chinelas brancas também, ascendia um cigarro. Vestida de óculos escuros, animada com a chuva que caia e revendo velhos amigos que saudavam num misto de tristeza e alegria, naquele velório. Tinha um bebê que dava continuidade ao mundo. E muitos cigarros e cocas para que não comeu o dia inteiro. O choro, cheio de lágrimas e abraços sinceros. E más lembranças de uma turma que não acordou para ir até lá.

Os olhos de Paulinha revelavam um cansaço e também refletia o tamanho infinito de seu coração. E ao seu lado uma amiga que sempre, sempre eu sei que vou poder contar. Ela é tão linda e pequenina, mas tinha óculos pretos bem grandes e me deu um abraço quando as lembranças de velório passaram por mim. Eu lembrei de todo sofrimento que vivi. E isso me fez chorar; saber que Laura também vai ter dias de dor. E mais um longo processo de sei lá eu o que, do qual não se escolhe, mas se passa. As outras amigas queridas também estavam lá, e o dia parecia estar triste com tanta gente que chorou no pequeno espaço cinza. A imagem que não vai sair jamais da alma. Dei um abraço apertado e merecido. Pedi forças, e que Deus ilumine a todos que nele acreditam.

Depois dormi com os cabelos alisados, num sono profundo sem ter tempo de acordar antes para sair num sábado à noite. Despertei de madrugada num calor de voar dali, mas o corpo não estava mais ligado. Chegou o domingo e tivemos um almoço em família. Daqueles que tínhamos quando você era vivo e gostava de cozinhar. A gente deve muito ao mundo. Deve aproveitar, deve viver cada segundo, deve isso, deve felicidade, deve agradecimento, deve, deve sorrisos, deve dinheiro. Porra nenhuma. Vou sair dessa, devendo.

Devendo uma faculdade, devendo um diploma fodido, um emprego de status, um carro zero e um marido incrível, um casamento feliz, um cachorrinho filhote. Vou ficar devendo aos meus cabelos brancos. Prefiro ir pegar micose na praia. E dever uma alimentação melhor a mim mesma. E que em minha busca, eu nada tema em dever, nem me culpe por não aproveitar. Sei que sempre dei meu máximo. Muito também é falta, assim dizia o samba rasgado, enquanto eu sento em frente ao fogo e com a brasa mais fraca, ascendo à vida.

Thursday, February 21, 2008


Roi todas. Todas de angústia e saudade. Todas por saber que o mero egoísmo daquele moço o fará com que ele se esqueça de mim tão logo. Quão louco. Maldito rapaz, um dia ainda lhe acerto uma porrada no meio da fuça. Aquela fuça grande. Um dia ainda furo os pneus do carro dele. Os quatro. Sou boa nisso. Mas minha mãe, muito sábia e mulher consciente, disse para que eu não tentasse a violência. E sim o não ato. Não ligue, não faça, desista. Ela ainda me diz, que ridículo, esse cara é um galinha! E eu queria falar para minha mãe; amo esses bichinhos. Se pudesse vivia num galinheiro sofrendo pelos cantos, vendo as penas desses moços cheios de medo, voar pelo céu azul de um dia lindo. Meu bem, ele disse; fazia três anos que eu não sentia isso. E hoje, veja bem, olha lá com quem ele esta. E minha mãe, essa dá graças a Deus e diz; e você ainda volta por causa dele? Eu juro que não, mãe. Te juro. Mas engraçado...tudo muito superficial e desprezível. Até o momento que eu senti uma saudade esquisita só de conversar. De verdade. E sei que ele é do tipo desgraçado mesmo que não esta nem aí. Ta na pior, sou muito boa de papo, acreditem. Ele me dizia; olha o que você faz comigo! Até pelo MSN. E eu do outro lado da tela ria muito.

Sabe, pode-se dizer que quem não amou, não viveu. Não vou de contrário. Mas quem não consegue sentir saudade, quando a tem, e eu sei que tem mocinho, ah sei. Esse sim meus caros, esse ainda, nem nasceu. Vou deixa-lo no útero de uma namorada materna, bem cuidadinho. Quando ele nascer, pego pra cristo. Certo?

Thursday, February 14, 2008

-Pastel de Chocolate-

Foi engraçado como o dia amanheceu claro só de um lado. E como o tempo passa, e a gente vai pondo mais vida na alma e a alma mais vida na vida. E como por pouco a gente se esquece das pequenas e melhores risadas e carinhos e abraços que recebemos. Ou quando uma velinha faz com que você ganhe o dia, e outra te faz ficar com ódio. Então, você ouve uma música cheinha de sentidos e olha para o céu e vê que ele não é da sua cor preferida. Aliais, qual é sua cor preferida? Talvez a felicidade esteja na hora do almoço, onde a arma esta na mesa, e rola um fascínio imenso por tudo que se desconhece. Por um filme que desconhecemos o final. Pelo seu final, que ainda esta longe, mas que já brilha de tão bonito. Por saber que existe um pastel delivery, por saber que são poucas as pessoas que olham para o mundo e pensam que muita coisa ainda não aconteceu. Sabe que isso é um bom motivo? Um bom motivo para viver, é um bom motivo para morrer? Se morrer, a quem vai fortalecer? A vida cheia de encantos, e raros momentos de felicidade batendo na porta, e um barulho de vento infinito, barato, rude. Passou-se tudo pela sua cabeça. E outros mil sentimentos que jamais hão de ser descobertos, pois o ouvido não permite a razão explodir. Os corações não contem olhos. Os olhos estão para o mundo. O mundo é seu. Nada do que você me disser, vai mudar o que penso. Tudo que você fala para a vida, me altera, altera alguém. Até aquela pessoa que você odeia, até tudo que você ainda é muito nova para saber. Ainda somos. Por isso não vou permitir tão omissão com um certo lance, chamado viver. As mãos podem tocar o infinito da sua alma dourada. Essa não é a cor do céu. Muito menos, ao meu ver, sua cor preferida. Mas encare tudo isso de frente, pois é a cor de sua alma.

Monday, February 11, 2008


-Reconhecimento-

Receio ter abraçado você tão devagar a ponto de não ver em mim uma nova possibilidade. E ao me deixar, ficou comigo a dança dos seus olhos difíceis. Como no dia que chovia tanto, a ponto de sentirmos medo. Desde de o começo, nunca te pertenci. Eu me ofereci para ser sua, com meus talentos marginais, os mesmos que te atraem, somente de noite. Eu não me canso de por em jogo meu coração multifuncional. Mas eu me canso de ouvir que o meu jeito é muito para você. No fundo, meu jeito tem sido muito, para todos. Até mesmo para mim. Como em uma ação onde eu perco o jogo de xadrez para mim mesma. Devastador. As peças se acabam, enquanto eu mergulho no mar e sinto que nada, mais nada neste mundo pode ser melhor que um dia na praia. Eu perco o jogo, mas saio da onda cada vez mais intensa. Com meus passos leves, saio do mar e sei que as ondas nunca vão se cansar. Sei que nunca vou me cansar também. O jogo perdido ainda esta na minha cabeça: em que momento minha peça deu um passo em falso? As ondas seguem, num ritmo só delas. Eu sobrevivo. Arrisco um sorriso muito, mas muito honesto de felicidade absurda, e logo depois, veja só, cai uma lágrima oportuna. Eu poderia me esconder, igual quando brincávamos no vilarejo, mas prefiro, mesmo com o jogo perdido, seguir enfrentando as ondas. O mar me quer assim.
Não conheço outro segredo para esta felicidade sem fim.