Tuesday, January 22, 2008


.eu poderia ter sido melhor.
.eu poderia ser a potência do planeta.
.oh lordy, eu poderia te fazer muito mais feliz.
.a todos vocês.
.mas honestamente, deixei o coração seguir caminhos esquisitos.
.vocês já sabem de minha queixa.
.eu procuro pessoas para provar que elas existem.
.pessoas que duvidariam de mim, que vão morrer não acreditando.
.mas lordy, oh, como tem sido difícil encarar essa vida moderna,.
.esses desejos incontidos...
.eu poderia rasgar a vida, te amar e ser feliz para sempre.
.ser o orgulho da mamãe.
.mas eu não consigo.
.desculpe.

.como chove nesta cidade.
.baby,como chove.
.vou encher os baldes de sua solidão com as gotas que cairam do céu nesta tarde.
.você promete guardar segredo?.
-De unhas-

Escolheu unhas bem laranjas, bem laranjas. Escolheu um cabelo que estaria saindo de moda, e o fez voltar. Escolheu praia e pessoas que certamente jamais seriam de seu convívio social, no outro lugar. Mas decidiu que o outro lugar já estava velho demais, e era outro mundo. Situou os cabelos na nova era. Ainda quis pintar os olhos, como sempre o faria. Decidiu unhas mais laranjas ainda e achava engraçado o quanto se falava dela. Ria por dentro, e por fora só sorrisos e muitos olás e muito prazer. Eu não sou daqui, nem de lá, tentava dizer a todos. Mas todos entendiam que ela era de lá e pronto. Então, ela concluiu que sua identidade ainda estaria muito presa no outro mundo e achou que isso era tudo bem.
Todos os dias de manhã, batalhava para enfrentar a alegria do dia. No fim da tarde, se orgulhava de tudo ter valido a pena. Sorrindo por dentro e gargalhando por fora, dormia tranqüilamente imaginando aquele homem fazendo uma declaração de amor do outro século.
Escolheu unhas vermelhas e foi bem longe de onde estava. Escolheu viver para optar por mais fugas. Escolheu viver por optar mais realidades. Escolheu que assim viveria esperando aquele homem se virar e dizer; eu admito! É você. E ela daria mil sorrisos lindos por dentro, e um bem discreto por fora, mas nada falaria. Pois saibam que o homem quando lhe roubou a alma, também lhe roubou a voz e a paz.
Escolheria unhas branquinhas, quase transparentes quando queria demonstrar a si mesma que poderia ser bonito ser equilibrada. Depois despontaria tudo num romance com qualquer um. E vivia sonhando no dia que qualquer um, viesse se declarar.
Escolheu unhas pretas, mal feitas, e disse para o homem qualquer um belo de um sinto muito, mesmo achando tão bonito tudo que ele lhe dissera. Achou uma pena por dentro, mas por fora, disse sentir orgulho dele estar sendo tão sincero. Lembramos aqui, que as duas sensações foram igualmente verdadeiras.
Depois roeu todas as unhas, até elas ficaram impossibilitadas de cor. E por isso, suplicou para aquele homem que se deitasse com ela. Sorriu com medo por dentro e por fora. Depois dormiram juntos, bem juntinhos.

Sunday, January 20, 2008


Foi logo depois da tempestade que você aprendeu sobre aquela garota. Que nem soube se contentar direito sobre o poder que a natureza conseguia comportar. Que a chuva era pesada, comia todos os cantos secos daquela cidade. E que o chão de areia ficou com uma camada dura. A garota não se importou com nada. Ficou sobrevoando as cenas mais bonitas que dentro da sua cabeça se concluiam igual no fim do filme. O fim do filme era ele fugindo de moto para Califórnia. A garota adaptava. Conhecia tanta gente ao mesmo tempo, que não sofria desamor. Depois, aos pouco, foi aprendendo. E toda vez que a realidade ousava bater na porta a garota iniciava um novo ritual capaz de extravasar toda e qualquer situação que a botasse a par de tal. Ela sofria prisioneira, mas depois dormia tranqüila. Dia após dia.

(Iniciamos aqui uma gota de chuva que passa nas asas do pássaro e surge então um atrito comum. Senti uma lágrima de chuva, uma lágrima gota de água salgada vem de mar, de nossos prantos. As nuvens eram para sempre e foram embora não ser. E tudo, tudo que você possa imaginar, já passou por este lugar.)