Wednesday, March 28, 2007

Deixo tudo assim.
Não me importo em ver a idade em mim,ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.
Sei do incômodo e ela têm razão
Quando vem dizer que eu preciso sim
De todo o cuidado.
E se eu fosse o primeiro
A voltar pra mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria?
Ahh tanto faz!
E o que não foi não é,
Eu sei que ainda vou voltar... Mas, eu quem será?
Deixo tudo assim,não me acanho em ver vaidade em mim.
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.
Sei do escândalo e eles têm razão.
Quando vem dizer que eu não sei medir,nem tempo e nem medo.
E se eu for o primeiroa prever e poder desistir do que for da errado?
Ahhh, ora, se nao sou eu quem mais vai decidiro que é bom pra mim?
Dispenso a previsão.
Ahhh, se o que eu sou é tambem o que eu escolhi ser aceito a condição.
Vou levando assim.
Que o acaso é amigo do meu coração
Quando falo comigo, quando eu sei ouvir...

Sunday, March 25, 2007

Horóscopo do menino mudo*

Sua habitual propensão a manter o silêncio
sobre tudo que acontece acaba evocando
sentimentos paranóicos nas pessoas pró-
ximas. Elas percebem que você oculta
algo,ainda que esse algo, talvez, nada
signifique para elas. O que fazer com isso?

Friday, March 16, 2007

-Reflexos e Análises de varanda-
(Em agradecimentos à um covarde)

Chegou a hora de te descongelar. Você me machucou tanto, mas tanto que eu sucumbi. Eu deixei pra lá, e a distância ajudou a te congelar, ajudou a não pensar. Então foi ai, que imagine só, eu descongelei. Você me nutria o tempo inteiro de ansiedade, você me fazia de coisas que eu não queria ser feita, você me machucou tanto, e eu, desnutrida de ansiedade, desabei meu caro. Desabei pro fim do mundo, pro fim da minha existência, fiquei morrendo de sede, da ansiedade cruel que você me alimentava com prazer. Pois então, e ai, foi que morri. Morri, como há muito tempo não morria, morri feio. Morri de vez. Morri de sede e te congelei para não morrer mais. Você foi necessário para minha estrutura caótica, para me manter viva no inferno, mas quando eu morri, meu caro, fui primeiro ao purgatório, onde tudo é uma grande pausa quente, desesperada e que me metia um medo filha da puta, que me fez sucumbir à loucura. Quando você secou minha fonte de angústia, eu sai importuna, atrás de novas angústias, como num vício eterno de ter o coração na mão. Acontece que de você, aparentemente, nada ficou. Eu te congelei lá longe do meu sentimento, algo intocável, seco, onde eu jamais iria tocar de novo. Me enforquei,me alimentei de outras angústias. Todas as avalanches do mundo meu caro, passaram por aqui. E de todos os meus males, eu mirei apenas em você, como minha salvação. Quando você resolveu secar minha fonte, todos os outros males também morreram de sede, e foi ai, justamente nesse exato momento, como na cena do filme, foi ai, onde eu morri. Eu sai correndo,sem olhar pros lados,atrás de outras angústias para voltar a sobreviver,e como num paradoxo chavão,eu nascia de novo,mas nascia para logo morrer. Com você bem longe, com minha fonte seca, senti o pior dos horrores, e também como era horroroso o uso que fiz de você. Quando decidi voltar a viver, decidi também, não mais me matar, como automaticamente fazia, como quando você me alimentava. Resolvi que se fosse para voltar a viver, teria que não pensar em morrer e isso me fez pensar em você.
Então, acabo de te descongelar, você esta distante na terra linda, quente. E eu confesso, te sucumbi.Nós sempre soubemos que jamais teríamos nascidos, um para o outro. Éramos de longe um casal não ideal. Mas, ao mesmo tempo era você de uma forma cruel que me alimentava, para que eu pudesse viver, para poder morrer. Eu te fiz com maestria, você entrou no jogo, como sublime jogador. Acontece que numa overdose de angústia, eu deslizei, pedi mais. Pedi para que você parasse de me alimentar de angustias, pedi para que você fosse meu, assim, só meu, mas sem me matar, para me ver nascer só para morrer de novo.E foi ai que você inesperadamente, covardemente me disse não. Como se seu papel em minha vida fosse apenas me alimentar de angústia, de ansiedade. Como se desde do começo, desde de a primeira vez que te vi, você senhor, já soubesse que eu jamais iria ser sua garota. Logo depois, eu soube também. E quando você se revelou apenas um covarde sem qualidades, eu finalmente entendi qual foi seu papel na minha vida. Agora nesse exato momento, estou te descongelando, estou querendo botar toda a culpa do meu vício por angústias em cima de mim mesma, como se eu me auto-punisse. Ousei a te amar, só para que você me abastecesse de inseguranças.Mas sei que isso só não basta, quando um não quer, bem, você sabe. Você deve saber de sua cota covarde que você pintou em meu mundo. Você deve saber que o uso que fez de doces palavras não foi só apenas, um ato de enganar a menina rebelde e apaixonada. Você teve medo de colocar na sua vida, alguém que jamais seria como você. Meu caro, você teve tanto medo da diferença, que num gesto terrível, me disse adeus, secou minha fonte. E é exatamente por isso que eu estou aqui para te agradecer. Sem sua covardia, eu ainda seria a mesma garota viciada em pequenas angústias, em falsas alegrias, em sonhos que no fundo, eram terríveis pesadelos.Obrigada por tudo que fizeste comigo, o ato covarde, o sumiço absoluto, as palavras baratas e principalmente o virar de costas, o empurrão para o abismo. Sem isso meu caro, eu ainda estaria pelos cantos à procura de um homem assim como você, sem qualidades, para me manter viva de angústias maléficas. Agradeço-te por ter me mostrado que viver de angústia, jamais é amor, jamais é afeto, jamais é admiração. Viver de angústia, como eu vivia ao seu lado, era viver na eterna busca desenfreada da maior doença. E eu não tenho a maior doença, meu caro.
Hoje, eu descobri que viver não é assim. Que amar, não é assim. Descobri que a vida não é a grande doença. Hoje eu descobri, que a coisa mais honesta que veio de você para mim, me libertou: sua covardia cruel. E sabe meu caro, eu não tenho como te agradecer.No entanto,ficam aqui minhas honestas e humildes palavras cheias de erros e um eterno obrigada por ter passado pela minha vida desta forma assim, tão ruim.